1.8.24
31.7.24
Para quem, como eu, tenha uma enorme preguiça em cultivar-se. Em geral e, em particular, sobre a Revolução Francesa, aconselho:
- Os múltiplos episódios do podcast The Rest is History sobre o assunto.
É superlativo. Incomparável. Talvez o melhor de sempre.
Expectativas
Finalmente, acomodo-me para começar a ler Lucia Berlin e o seu manual para mulheres de limpeza. A expectativa é grande. Mas calma. Da badana à contracapa, da introdução ao prefácio, ressoam promessas de que jamais lemos algo assim. A sua escrita é superlativa. Incomparável. Talvez a melhor de sempre. Naturalmente, comecei logo a embirrar e pronto para não gostar. Porém, é maravilhoso.
12.7.24
Não é "Ardidas", nem "Rebrock". É um post à Paulo Austero.
Gosto muito do filme "Fumo". É um filme sobre histórias. Várias. Uma delas, ocupa pouco mais de dois minutos. Não, não é a de como se consegue saber o peso do fumo, contada pelo Harvey Keitel. Essa também é boa. Nem as divagações do Jim Jarmuch sobre tudo e mais alguma coisa, antes de ser interrompido pelo vendedor de timexes e rolexes. Nem tenho a certeza de que as divagações de Jarmuch sejam sucedidas pela entrada (ah, isto passa-se numa tabacaria) do vendedor de timexes e rolexes. Ou que esta cena do Jarmuch não se passe apenas na sequela do "Fumo", o "Fumo azul". Mas isso importa pouco (aquilo até estava previsto ser um único filme). Estava a dizer. Sobre histórias. Uma delas, é contada pelo William Hurt. É sobre um jovem pai que vai passear para a montanha e é engolido por uma avalanche. Muitos anos depois, o filho está a caminhar pela montanha e dá de caras com uma versão de si mesmo quando era mais novo. Era o corpo do pai, que se preservara impecavelmente num bloco de gelo. Lembrei-me desta história ontem ao ver fotografias do final dos anos 90. Numa delas, lá estou eu, de t-shirt. E de calções. Os mesmos calções que vestia nesse preciso instante. Mais de um quarto de século depois. The end.
Se quiserem ver isto em bom de escritor e maravilhosamente interpretado pelo William Hurt de roupão, está aqui:
10.7.24
Humano vs máquina
Uma das áreas em que podemos tranquilamente constatar que o humano continua a dar cartas às máquinas é no corretor ortográfico.
(auto)Crítica
Procuro, por vaidosa curiosidade, um post antigo neste blog. Pesquiso a primeira palavra que me ocorre poder conter: "crítica". Com alguma surpresa, vejo este aparelho devolver-me umas poucas dezenas de resultados. Leio-os. Incho. Sou um proselitista da liberdade de espírito. Desincho. Sou monotemático e a precisar de novo vocabulário. Mas isso era dantes, convenço-me. Ups. A partir de....agora!
5.7.24
4.7.24
A vida não teria a mesma graça sem a mal-afamada contradição
Há livros e filmes que nos marcam profundamente. E há outros que não deixam memória. Há, porém, um tertium genus (entre outros genus, claro). De que é raro falar-se. Cujo interesse não deve ser menosprezado. Até porque tem graça. São as obras que marcam profundamente e que não deixam memória. Das quais pouco ou nada nos lembramos. Um dos livros que mais me marcou na adolescência foi "O Jogo das contas de vidro". Que livro! Adorei-o. Mas já não me lembro porquê.
2.7.24
Discriminação negativa
The obesity pay gap is worse than previously thought
It affects men as well as women, and is wider for the well-educated
Ou seja, mulheres e homens gordos ganham muito menos do que os magros. Isto devia incomodar-nos. Dir-se-á que termos acesso a conhecimento que permita identificar desigualdades é básico e fundamental. Para tomarmos consciência e, querendo, agir. Um problema que julgo notar é que, em vez de incomodar, o alerta, ou a mera informação, sobre vários tipos de discriminação e de desigualdades parece estar hoje a gerar algum cansaço, mesmo em pessoas decentes. Que degenera, frequentemente, em indisfarçada irritação. Chegando mesmo a abalar anteriores consensos sobre discriminações várias. Isto é trágico. Mas parece ser o ar destes tempos. Por muito que custe - e muito custa -, talvez tenhamos de (re)pensar algumas coisas sobre isto.
Contra anatemização dos octogenários
Belo texto de Álvaro de Vasconcelos no Público de hoje:
A nossa França ameaçada: que nem um voto lhe falte
1.7.24
30.6.24
Por falar em bonecos...
...estou há uma horas a sentir o abalo deste extraordinário livro sobre a separação de famílias aquando da divisão das coreias. Um livro sobre isso mas que não se resume a isso. Fala sobre este período histórico, mas para nos falar também sobre a força e a exigência do amor filial; sobre a condição da mulher; sobre solidariedade. Tudo com enorme sensibilidade e humanismo. E, embora discreto, muito humor. De Keum Suk Gendry-Kim e belissimamente traduzido por Yun Jung Im. Ahah, pareceu-me engraçada a minha incompetência para este último apontamento. Mas apenas porque sou tolo. Não será preciso gostar de kimchi para apreciar a palavra nesta obra, e a sua feliz combinação com cada traço (e diria que onde as palavras são mais raras, como quando há bonecos, a importância da palavra certa cresce).
28.6.24
The end
O outro pequeno livro foi o Trilogia do Jon Fosse. Gostei muito. Também gostava que houvesse uma livraria que organizasse as obras pelo tamanho. Não raro, começo a procura de um livro por um "olha, que livro com menos de 200 páginas vou ler agora...". Se calhar foi por tê-los lido quase um a seguir ao outro, mas achei que havia qualquer coisa que ligava, no estilo da escrita, Fosse e Strout. Certo de que alguém o notara antes, fui ao google. Nada. Ausência de resultado que pode querer dizer zero ou oitenta. Mas em princípio quer dizer zero.
Rentabilizar
Gabei-me de ter lido dois livros de Elizabeth Strout. E coibi-me de dizer que foi de rajada (não sei se não embirraria com este "de rajada" se eu fosse o outro; embirraria, sim). Também não disse que tinham os dois menos de 200 páginas. Os últimos livros que li, tinham, penso agora, todos menos de 200 páginas (e letra grande e capítulos pequenos). Com exceção de um, que tinha muitas, muitas mais. O magnífico livro da Kate Beaton. Mas é de bonecos.
Treino
Li recentemente dois livros da Elizabeth Strout. Aproveito para divulgar, pois não é todos os dias que me posso gabar de ler livros, mesmo que pequenos. Num deles, a personagem de Strout, Lucy Barton, diz que percebeu que a relação com o namorado estava condenada desde o momento em que fez um comentário que a irritou. Não foi exatamente assim, mas foi parecido. Sou muito sensível a estas irritações determinantes. Pela minha parte, adoro olhar-me ao espelho e ver um modelo de compreensão e tolerância. Mas, não raro, basta um comentário, um pequeno gesto ou observação casual para retirar ilações que gravo, sem apelo nem agravo (gravo... sem agravo...) na pele dos meus interlocutores. Também faço isto com amigos e conhecidos. Sendo, por isso, fundamental seguir a máxima de Franzen, que, muito apropriadamente, o Público publicou (o público publicou...) ontem. Confio que os meus amigos e conhecidos também leiam o Público.
Subscrever:
Mensagens (Atom)