Espreito, por curiosidade, a página do facebook de um
ex-colega com quem trabalhei e por quem tenho estima e simpatia (o Pedro Ramos
de Almeida), que se candidata a presidente da comissão política concelhia de
Oeiras do PS. Para não variar, fico impressionado com a trabalheira que dá
olear a democracia (podia falar aqui do facto poucas vezes apontado de que sem
esta competição não há democracia; talvez outro dia).
Reunião terça à noite;
sessão de esclarecimento na quinta às 19.00; Intervenção no sábado às 11.00;
mais não sei o quê no domingo, na quarta e na sexta. E penso que seria
divertido se os políticos fossem recrutados por anúncio:
Aceitam-se candidatos
a Político, com as seguintes condições: disponibilidade 7 dias por semana, incluindo
feriados, trabalho por turnos (às vezes de dia, às vezes à noite, às
vezes de dia e de noite); Capacidade para falar em público (muitas vezes sem
tempo para preparação); submeter-se ao escrutínio (e muitas vezes mediático) de tudo o
que diz e faz; remuneração improvável nos
primeiros anos de atividade (embora, de tempos a tempos, haja carne assada para
os mais voluntariosos). Bem, imaginei isto mas com graça.
Uns poucos, chegarão um dia ao poder local. Menos ainda, ao
poder nacional. As condições de trabalho só se agravarão (tchau família),
embora tenham, desta vez, uma justa compensação (material e, para quem ligue a
essas coisas, pelo serviço público). A maioria, como os espermatozóides (as
analogias e os parêntesis são o meu ponto fraco), ficarão pelo caminho, dando o
seu contributo indispensável sem receber nada de significativo em troca.
Por que correm eles? Não sei. Sei que comigo não
contam para responder a este anúncio. Tenho uma família (que anseia, naturalmente, por todos os momentos que pode passar com a minha pessoa) e, em geral, coisas melhores com que ocupar o
meu tempo. E vocês?