Já várias vezes manifestei o meu reconhecimento por todos os
que, no quadro de um partido político, investem o seu tempo para o que, na grande
maioria dos casos, é um esforço com parcas e incertas contrapartidas pessoais
(poder, fama, dinheiro). Porém, sem estes não existe nada que se pareça com democracia,
nomeadamente o seu momento (ainda hoje) paradigmático: as eleições. Contudo, os
candidatos dos partidos já estabelecidos só costumam entrar neste jogo após
alguma socialização dentro do próprio partido, cuja dinâmica interna incentiva,
de diversas formas legítimas (afinidades, lugares de influência, etc.) este
investimento. O que não lhes retira valor. Apenas torna menos surpreendente que
o façam.
Posto isto, comove-me a quantidade de pessoas que vejo
disponibilizarem-se para o exercício da democracia partidária e eleitoral
através das listas do Livre / Tempo de Avançar. Pessoas que, na minha leitura das
páginas das respetivas candidaturas, se agarram à inesperada oportunidade de poderem concorrer a eleições e convencer os outros da
bondade das suas ideias. Que se entregam à improvável hipótese de fazerem a
diferença. Disparate. Diferença, começaram a fazer no momento em que se
disponibilizaram para serem candidatos a candidatos, mostrando que há muito boa
gente por aí com agudo sentido de cidadania e com vontade de contribuir para o
bem comum. Tudo qualidades que faltam aos mandriões que se limitam a gozar as
vantagens do jogo democrático, sem mostrarem a menor vontade de penhorar os seus preciosos serões e
fins de semana (falo por experiência própria). Saibamos aproveitar esta boa
gente.