4.5.09

Vasco Granja - 1925-2009 (revisto)

Graças a ele, a generalidade das crianças da minha geração puderam contactar com uma parte do universo do cinema de animação que ía muito além dos personagens da Disney. Lembro-me de gostar dos filmes do Tex Avery e de me aborrecer tremendamente com o cinema de animação checoslovaco - à data, como hoje, um dos expoentes desta arte. O que eu tenho pena é que quando cheguei à idade adulta e me senti finalmente apto a absover os ensinamentos dos Jiri Bartas e dos Jiri Trincas, o Vasco Granja e o seu saber enciclopédico sobre cinema de animação, que parecia viver com um entusiasmo pueril, já não passassem em nenhum canal de televisão. Entusiasmo e generosidade, é o que me fica deste homem, a quem um dia (talvez há uns dez anos) um grupo de amigos, que se iniciava no gosto por esta arte, perguntou se estaria interessado em assistir, em casa de um deles, a uns filmes de animação. Convite ao qual respondeu prontamente que sim e que, infelizmente, acabaria por não acontecer por motivos de saúde do próprio, conforme amavelmente nos explicou na altura a sua mulher. Talvez assim descrito isto não pareça particularmente digno de se registar no dia do seu desaparecimento mas a sua disponibilidade e a alegria com que pareceu fazê-lo deixou em mim a ideia de alguém francamente generoso. E eu gosto de pessoas generosas.

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