31.5.10

O poder da pornografia


Entro no carro. Fim do noticiário da TSF das 13.00. Leitor de CD queixa-se de estar empty. Antena 2. Máfia e pornografia. “Pornomáfia”, na síntese do autor. Mas isso não sabia ainda eu. Oiço falar da máfia e de como são uns olheiros danados para o negócio (em geral; não do sexo). “Todas as empresas ditas normais ganhariam muito em ter um consultor da máfia. Veriam que valia a pena”. Nova Iorque dos anos 70. Máfia percebe que a indústria pornográfica pode dar muito dinheiro. Peep Shows. Família de mafiosos. Avô, pai… o neto não. O neto é apaixonado pelo cinema. Detalhes e mais detalhes absolutamente deliciosos que fazem esquecer que o ritmo da locução e os separadores musicais pareciam (pareciam) excessivamente arrastados e lentos. De volta ao tema. Apaixonado pelo cinema. Filmes pornográficos. Linda Lovelace (sem Google; escrever-se-á assim, presumo). Erudição e pornografia. Mau contador de histórias, pelo que não conseguirei resumir o que de melhor ouvi. Se assim não fosse, falaria da descrição daquela parte do corpo que distinguia Lovelace. E do resumo do filme que terá celebrizado aquele realizador, onde havia uma jovem que apenas conseguia satisfazer o seu apetite sexual perto da zona do esófago. “Garganta Funda”, como já adivinharam. Para grande pena minha, paro o carro para ir almoçar.

Ps: o programa chama-se, descubro agora, “Questões de Moral”, de Joel Costa. Segundo o site da Antena 2, um programa dedicado à “busca do nexo moral escondido no tempo das novas angústias”. “Caído em cheio na era do progresso tecnológico, da política-espectáculo, o cidadão comum continua a interrogar-se quanto à circunstância histórica e moral que lhe cabe viver.”. A não perder, a partir de agora. O programa de hoje pode ser ouvido aqui.

29.5.10

Momento infanto-infantil II - para memória futura

Uma panqueca cooolorida
Com chocolate, morango e kiwi.

Outra panqueca, diiiivertida
Vou comê-la toda, toda até ao fim.

Autor: desconhecido neste instante. Espera-se que a lacuna seja ultrapassada nos próximos dias.

Momento infanto-infantil - para memória futura

Ouvi um barulho
Lá fora no quintal
Quem é, será o vento?
É o macaco Juvenal.

Chamei o macaco
Ó macaco Juvenal
"Não vou, estou sentadinho,
Estou a ler o meu jornal"

(tapa os olhos) 1,2,3
(destapa os olhos)Hihihihihihi

Autor: desconhecido neste instante. Espera-se que a lacuna seja ultrapassada nos próximos dias.

28.5.10

Lá, como cá

"Temperamentally, law school profs tend to be more conservative than other academics – and they have moved even farther right since Obama was a student... "

O resto aqui (via A&L).

Bom fim-de-semana.

Analogias

A imagem que ilustra o post anterior é igualmente apropriada para exprimir o meu sentimento sempre que tropeço em mais um post com o título "tango".

Bolas, este eleitorado é fogo


"Senti um arrepio, quase vómito, quando acabei de ouvir o Prof. Cavaco Silva. Que vergonha, senti. Por ele, claro. E pelo país. Assim ficou para a história como o padrinho (the best man) dos homossexuais (...)"

Citação do "texto do padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães, com influência nos intelectuais católicos, que está a ser passado de e-mail em e-mail" .

[O texto de Vasco Pinto de Magalhães] "traduz bem o que vai na alma de muitos de nós". "O que seria normal era surgir um candidato da direita. Mas era no dia seguinte.

Luís Nobre Guedes, antigo dirigente do CDS, na mesma peça de Ana Sá Lopes e Sílvia de Oliveira, no i de hoje, e que vale bem a pena ler.

27.5.10

Apelo público ao "Público"

Por amor à humanidade, às árvores e aos passarinhos, façam qualquer coisa relativamente à opção "imprimir" do vosso site, que insiste em multiplicar por três o número de páginas necessárias para a impressão do texto pretendido.

Com os melhores agradecimentos,

Tiago Tibúrcio

26.5.10

Copo meio meio cheio (corrigido)

O fim de algumas das medidas extraordinárias de combate à crise são uma má notícia. Nesta altura, gostaria de ver aumentar, e não reduzir, o nível de apoios do Estado aos cidadãos (e às empresas) mais atingidos pela crise. Mas julgo que esta medida era uma inevitabilidade. Não apenas pelo constrangimento orçamental que se vive mas também pela própria natureza transitória de muitas destas medidas, assumidamente aprovadas para vigorar por um breve período de tempo. Depois, convém não esquecer (é verdade, a medida ainda não foi aprovada em Conselho de Ministros e já há quem se esqueça disto) que apenas uma parte das medidas vão ser eliminadas. Para ser mais rigoroso, apenas oito das 20 medidas. Além disso, importa reter - como alertava a ministra - para que não se acabam com os apoios como o subsídio social de desemprego. Mexe-se nos prazos, acabando-se com o prolongamento extraordinário que vigorou nos últimos meses (o que não impede que seja altamente penalisador para quem deixa de poder beneficiar desse prazo extraordinário). Finalmente... (esta parte do texto foi apagada pelo autor, por vergonha ao ridículo).

Absolutamente quase nada

Não concordo com absolutamente quase nada do que escreve José Vítor Malheiros na sua crónica de hoje, no Público. Mas é, para variar, um prazer lê-la. É complicado.

"Advogada levou sanita para o Tribunal" (CM)

Infelizmente, a história tem muito menos graça do que parece.

É verdade, assim é mesmo complicado

O João Ricardo Vasconcelos queixa-se que "assim é complicado", que as hesitações actuais do PS relativamente a Alegre estão a enfraquecer (goste-se ou não) a única possibilidade de derrota de Cavaco Silva.

Ó João, até me sinto tentado a concordar contigo. Sou sensível ao apelo ao pragmatismo, conformando-me com o facto de, se a esquerda não encontrar formas de se entender, o poder cair, inevitavelmente, para a direita.

É verdade que estamos a falar de um cargo unipessoal, o que favorece claramente a lógica de formação de dois blocos ideológicos concorrentes. Contudo, este alinhamento em bloco é suposto (ou normal) que aconteça apenas na segunda volta. Na primeira volta, tem sido habitual haver vários candidatos oriundos do mesmo campo ideológico. Passando dois candidatos à segunda volta (desde que nenhum tenha mais de 50% dos votos), o sistema permite que isso aconteça sem grande risco.

Assim, o que o teu texto faz é um clássico apelo ao voto útil. O apelo ao pragmatismo (o “goste-se ou não”) e um alerta para o risco da crítica, da hesitação, que podem fragilizar a candidatura (de Alegre) e permitir a vitória do campo ideológico oposto.

Tudo argumentos relativamente aos quais eu sou sensível. E que são - parece-me - totalmente transponíveis para a competição para a governação.

O facto de o BE ver no PS o seu principal adversário também pode ter como consequência fragilizar as hipóteses de o PS ser Governo e, logo, derrotar a direita. Mais – e como já foi abundantemente dito por muitos -, ao extremar a luta política com o único partido de esquerda com possibilidades de ser governo está a inviabilizar qualquer solução governativa que passe pela esquerda. Sendo os acordos uma contingência inultrapassável para um governo sem maioria absoluta, restam os entendimentos feitos à direita.

Por outro lado, bem vistas as coisas, é mais simples do que parece.

21.5.10

Se fosse em Portugal, podíamos contar com uma comunicação oficial do PR sobre o tema


Como na vida (e nos filmes do Woody Allen), a água está sempre a passar várias vezes debaixo da mesma ponte

Desculpem, estou a repetir-me. Tanto aranzel e noto agora que já tinha escrito sobre isto aqui e aqui.

A Constituição é de todos


Ainda só li este post de Isabel Moreira de forma oblíqua. Como é fácil de ver, prende-se com a controvérsia em torno da possibilidade de a Comissão de Inquérito poder aceder e usar escutas judiciais. De todo o modo, chamou-me a atenção esta passagem:

"Esse segmento, essa norma, portanto, obriga o jurista a fazer uma interpretação rigorosa da mesma, desde logo buscando a sua origem histórica, sistemática, o seu significado concreto, em si mesmo e no contexto relacional com as demais normas de direitos fundamentais e normas sobre direitos fundamentais. Tudo isto é muito jurídico, eu sei, mas tem de ser, eu nestas coisas não faço política."

O interesse que me despertou deriva precisamente de achar que um dos grandes problemas que inquinam a discussão em torno deste tema é a falta de conhecimento acerca da forma como se compatibilizam e se articulam os direitos fundamentais. Ora, esta questão deveria fazer parte dos rudimentos da cultura democrática da generalidade dos cidadãos. Diz-nos respeito a todos e o simplismo com que quase sempre se enforma esta questão (nomeadamente na comunicação social) é um mau serviço que se presta à democracia, degradando-a.

O reconhecimento desta complexidade não traduz qualquer hesitação quanto à posição que acho correcta sobre a matéria. Choca-me que se ache admissível que, um meio absolutamente excepcional (por atentar contra direitos fundamentais, precisamente) de recolha de prova, admitido apenas para perseguir determinados crimes, seja usado com qualquer outro objectivo e, em particular, para um objectivo político. Mas mais ainda me choca que se chegue a uma qualquer conclusão sem qualquer referência ao feixe de direitos (e outras normas, como a da independência das esferas política e judicial) que estão em causa e que devem ser ponderados.

Enfim, violando um dos limites materiais da minha Lei Fundamental, recorro a uma expressão popular para melhor me explicar: esta matéria é demasiado importante para ser deixada nas mãos de juristas.

Bolas, extenso post para uma ideia tão simples...

19.5.10

A crítica em tempos de crise (pequeno esclarecimento)

Só para esclarecer um equívoco: eu estou-me a borrifar para a unidade. Em tempo fáceis, difíceis ou assim-assim. Já não me estou a ralar para a estabilidade governativa. Uma moção de censura não é uma mera manifestação de opinião. É um acto político com consequências jurídicas. Se esta fosse aprovada (e esta é sempre uma possibilidade), o país, que atravessa uma situação político-económica delicada, pagaria muito caro por isso.

Correu tudo bem afinal

"All the evidence pointing to monster Republican House gains this fall (...) was contradicted Tuesday."

"In the only House race that really mattered to both parties—the special election to replace the late Democratic Rep. John Murtha in Pennsylvania’s 12th District—Republicans failed spectacularly, losing on a level playing field where, in this favorable environment, they should have run roughshod over the opposition."

Aqui.

Confesso que tenho um fraquinho por estas histórias

Estudante falsifica documentos e consegue vaga em Harvard.

A crítica em tempos de crise

Compreendo a ideia que o Porfírio Silva defende neste post. Discordo, no entanto, da conclusão. Concordo que as conjunturas de crise (económica, guerra, ou outra) servem, demasiadas vezes, para tentar impor uma qualquer ideia de consenso patriótico, cuja crítica é prontamente interpretada com um ataque ao país. Está mal. Esta tentação existe e deve ser combatida. Não se aplicando outra regra para os políticos. A crítica é natural, profundamente democrática e saudável para qualquer regime.

Mas uma coisa é a crítica no espaço público e outra é o recurso a instrumentos e a procedimentos que têm (ou podem ter) consequências políticas de facto. É o caso de uma moção de censura, cuja iniciativa se destina a, por meios legítimos, naturalmente, derrubar o Governo. E o recurso a este instrumento, bem como os timings da sua utilização, precisamente pelas consequências que podem ter, devem ser objecto de um juízo político, para além dos fundamentos que a sustentam. Se considero que o país ficar sem governo neste momento seria uma irresponsabilidade, é justo que critique a apresentação de uma moção de censura neste momento. O mesmo diria se o Governo apresentasse para a semana uma moção de confiança.

“Parece que foi conseguido um equilíbrio”

Pedro Lains, reputado conhecedor destas coisas da economia, e que não é propriamente um fervoroso apoiante de José Sócrates, foi ao Jornal 2 comentar a entrevista do PM. Debruçando-se sobre os aspectos económicos que dominaram a entrevista, sublinho 3 ideias:

- Que o pacote de medidas de austeridade apresentado pelo Governo conseguiu um equilíbrio em termos de distribuição de custos. “É uma mistura mais ou menos bem composta e o mal vai ser distribuído pelas aldeias”;

- Que, no seu entender, a antecipação de medidas de combate à crise não teria evitado a adopção das medidas de austeridade agora anunciadas. Mais, explicou o evidente: que os défices que agora se combatem surgiram como uma resposta necessária para responder à crise;

- Finalmente, questionado sobre se o aumento do IVA não atingiria de forma desigual a população, Lains lembrou que o IVA afecta toda a gente e sublinhou algo que não tem sido suficientemente recordado: “que não houve [como aconteceu noutros países] uma redução das pensões; não houve uma redução do Serviço Nacional de Saúde”; “E são as populações mais desfavorecidas que mais beneficiam destas transferências do Estrado. Mais uma vez parece que foi conseguido um equilíbrio”.

17.5.10

Interactividade é

...ouvir o nome Tiago na televisão e levantar os olhos da secretária à procura do interlocutor.

Um gajo quer gostar de um tipo mas assim é difícil

"Ed's favourite programme is Desperate Housewives; David's is Friday Night with Jonathan Ross."

Tão diferente disto...

A Bruna, eu, e toda a gente

E se a professora dos meus filhos fosse cientologista, ou, nos seus tempos livres, também fosse taróloga, astróloga ou apenas Olga? Se confessasse ir à bruxa e cantasse o fado? Se fosse uma estrela da música pimba? Se tivesse votado em Salazar como o melhor português do século XX? Se, se, se... Se eu tivesse alguma coisa a ver com isso também queria esta professora longe dos meus filhos. Mas não tenho. Não preciso, para isso, de dizer que adoro a ideia de a professora dos meus filhos se despir para as revistas. Tenho muitos pudores e este será um deles. Coisa diferente é achar que, apesar do meu desagrado, este é o preço que pagamos para sermos livres. A Bruna, eu, e toda a gente.

12.5.10

Ainda no campo das citações

Coisas improváveis de acontecer na política nacional:

"(...) the moment that will likely be the lasting sound bite—came when a reporter reminded Cameron that he had once been asked what his favorite joke was and had answered, “Nick Clegg.” Cameron began, “We’re all going to have—” and then turned to Clegg with an oops-now-I’m-in trouble grimace and admitted sheepishly, “I’m afraid I did say that.” Clegg said, “That’s it, I’m off!” and pretended to stalk away. Cameron, in a mock squeak: “Come back!” (...)"

No final da conferência de imprensa conjunta de David Cameron and Nick Clegg. Tirado daqui.

Mais citações

"Os crentes, quem tem fé, se está suficientemente lúcido para pecar tendo sexo fora do casamento, não se pode desculpar com a posição da Igreja se não tiver tido a coragem de ter pecado mais um bocadinho e usado o caralho de um preservativo"

maradona, A causa...

Citações

"Ninguém disse que havia solidariedade grátis na Europa, mesmo se o instrumento criado este fim-de-semana se revele, como julgo, histórico. E ninguém terá dado a devida importância a que Portugal e Espanha são ilhas de socialismo democrático numa Europa governada maioritariamente pela direita. Acredito que com maioria de governos à esquerda, os europeus geririam de outro modo mais eficiente e socialmente mais responsável a crise, mas os europeus têm escolhido outros caminhos."

Paulo Pedroso, Banco Corrido.

11.5.10

Debates

As questões que deveríamos estar a debater, se houvesse um verdadeiro interesse em discutir o papel da liberdade de informação na democracia portuguesa.


"(...) the journal of the New School for Social Research in New York City, will host “Limiting Knowledge in a Democracy.” The conference brings together leading journalists, distinguished scholars, and policymakers to examine how the US government and other political and cultural institutions distort or otherwise affect the flow of information. The question at hand is, what limits on access to knowledge safeguard our democracy and what limits erode it?"


Mais informações aqui. (via NYRB)