29.4.11
Debater o plafonamento da segurança social num parágrafo. Uau
(...) "Na semana passada foi o plafonamento da segurança social, que o líder do PSD resolveu apresentar como uma medida que visa acabar com as pensões milionárias. Ora, não só já existe uma limitação das pensões (12 IAS), como o plafonamento não é uma medida que visa limitar as pensões. Em bom rigor, o plafonamento pretende retirar do sistema salários acima de x, isto é, limita o valor das pensões, no futuro, e o das contribuições, no futuro e no presente. Independentemente dos juízos sobre a justiça desta proposta, ela tem custos de transição elevadíssimos, pondo em risco a solvabilidade do sistema. Mas o problema não é só que no longo prazo estamos todos mortos, é também o efeito redistributivo desta medida - no curto, no médio e no longo prazo. Dizer que salários a partir de x deixam de contribuir para o sistema de segurança social, implica um enfraquecimento da sua dimensão redistributiva, enfraquecendo a dimensão de solidariedade colectiva, intra e inter geracional, do actual sistema de segurança social. Eu sei que o PSD (e outros) tende a esquecer isto, mas as instituições do Estado Social não são apenas seguros e formas sofisticadas e eficientes de mutualizar riscos. São, acima de tudo, instituições que operacionalizam e dão densidade ao conceito de cidadania, algo que nenhuma análise de cash flows ou cálculo actuarial poderá alguma vez entender. O PS fez uma importantíssima reforma da segurança social. Foi uma reforma elogiada por todas as instiuições financeiras. E Portugal é um dos países onde a questão da solvabilidade da segurança social menos se coloca. Perante tudo isto, o que justifica o plafonamento? Tirando uma preferência ideológica pelo sector privado, nada." (...)
Então o TC declarou inconstitucional "uma escolha política clara do Parlamento"?
Apesar de a inconstitucionalidade ser ofensa mais grave prevista no nosso ordenamento jurídico para uma norma, o mais chocante foi mesmo o oportunismo político desta tentativa de última hora de agrado aos eleitores professores. Porque relativamente ao respeito à Constituição, é absolutamente normal que haja divergências acerca do que pode e não pode o Parlamento fazer.
Porém, o que já não é normal é dizer-se que suscitar dúvidas de constitucionalidade põe em causa a escolha feita pela Assembleia da República. Como se toda o espírito da fiscalização da constitucionalidade não decorresse precisamente da admissão de que o legislador pode aprovar leis que ferem a Constituição. Não é normal mas foi o que aconteceu. Sou forçado a recordar as recentes declarações de Pedro Duarte, competentemente registadas por mim próprio aqui há coisa de umas semanas.
Pedro Duarte, o ministro-sombra do PSD para a área da Educação, acaba de dizer na RTPN que a suspensão da avaliação dos professores (hoje aprovada pela oposição na Assembleia da República) "é uma questão política" e que, por isso, estranha que "o PS venha invocar eventuais ilegalidades e inconstitucionalidades" para pôr em causa "uma escolha política clara do Parlamento".
É também desta incultura democrática que é feito este PSD. Mas reconheço que ao pé das declarações de Miguel Relvas, Pedro Duarte até parece um senador da república.
O armário do PSD
28.4.11
26.4.11
Viva, viva
20.4.11
O dia em que espetámos os cornos no destino
"isto não acabou assim. No meio, erguemos um serviço nacional de saúde, que com todos os seus defeitos, até está entre os melhores do mundo; alfabetizámos, construímos a escola pública, democratizamos o ensino superior; garantimos uma segurança social universal; acabámos com a censura; deixámos de ter presos políticos; abrimos Portugal ao Mundo; e, para o mal ou para o bem, defendemos sempre a nossa democracia, com liberdade e pluralismo."
Das conquistas mais simbólicas, acrescentaria apenas a diminuição drástica da pobreza. [Longo parêntesis: hoje temos outra pobreza, felizmente muito, muito diferente daquela, visível em praticamente todos os cantos deste país. A miséria é, aliás, das imagens mais impressivas que me ficaram da infância. Da que via pela janela do carro (os bairros de lata), na escola (menos) ou nas muitas histórias que ouvia contar (de pais que poucos anos antes andavam quilómetros para ir à escola, descalços). Estas eram histórias banais na infância lisboeta de alguém que nasceu já depois do 25 de Abril].
E outra vez a liberdade. E outra. Liberdade. Podia ter sido o único ponto do programa do MFA e já teria valido a pena.
Às vezes perguntam-me porque desço a avenida no dia 25 de Abril. É por isto. E para agradecer a todos os que o fizeram (sim, também a ti, Otelo). Antes daquele dia. Naquele dia. Nos dias que se seguiram. E nos que se seguirão. Suponho que cada um tenha o seu 25 de Abril.
19.4.11
O mesmo problema. Duas formas de o enfrentar
- "A nossa margem de autonomia é muito estreita. Mas é por essa margem que os socialistas, mesmo com o FMI, devem afirmar a sua diferença. E a diferença passa por reformas capazes de relançar o investimento e o emprego, mas sobretudo pela capacidade de preservar, defender e valorizar o Estado Social. ". Manuel Alegre, discurso no Congresso do PS em Matosinhos.
18.4.11
Tribunal de Bruxelas decide hoje datas em que “Tintin no Congo” será julgado por racismo (repost)
16.4.11
Ainda a propósito da igualdade de género
14.4.11
Divagação com ponto de interrogação. Algures
Elogio do elogio do confronto
O vício da dúvida
A dúvida do vício
E eu que gostava tanto desta música dos Monty Python
13.4.11
As mentiras da democracia
Ideologia e pragmatismo
The Economist
12.4.11
Escrutinar os media
João Galamba, Jugular.
8.4.11
A partir do meu caso concreto, arrisco uma teoria
7.4.11
Culpas
Especial Informação
A trágica ironia
- a actual crise política foi detonada com a rejeição do PEC no Parlamento;
- a crise política é a causa directa do dramático agravamento da crise financeira das últimas semanas;
- a crise política e económica tornaram inevitável este pedido de ajuda externa;
- o recurso ao fundo poderia, muito provavelmente, ter sido evitado com a aprovação do PEC;
- contrariamente à esquerda, a direita, e muito em particular o PSD, sempre desejou este desfecho, que concretiza, assim, a vinda da sua agenda pela mão de terceiros;
Considerando tudo isto, não deixa de ser tragicamente irónico que a esquerda tenha contribuído decisivamente para a rejeição deste PEC e, assim, para a consumação da vinda do FEEF/FMI, que condicionará de modo indelével o país e as políticas públicas dos próximos (demasiados) anos.
A rejeição do PEC por parte da esquerda é uma escolha coerente, se atendermos exclusivamente ao plano das ideias. Contudo, as escolhas políticas têm consequências reais, por vezes contraproducentes, contrárias aos objectivos pretendidos. No lugar da austeridade rejeitada, terão (teremos todos) austeridade XXL. Vezes 2. E as consequências eram por demais conhecidas por todos. Se isto não é uma ironia...
6.4.11
XI legislatura - balanços
Coisas que me intrigam
O maravilhoso príncipe de Trofimova (pare ver de ouvidos bem abertos)
"Le trop petit prince", Zoia Trofimova, Folimage.
4.4.11
A política não é para meninas
Spiegel online, num texto sobre s sucessão no FDP (parceiro do governo de Merkel), depois do anúncio da saída de Guido Westerwelle
2.4.11
Debater a Constituição
Embora valha a pena explorá-la, valerá a pena reflectir sobre a ausência de um maior equilíbrio ideológico dos autores, sobretudo quando estamos a falar de um texto como a Constituição da República Portuguesa, o documento político mais importante da nossa comunidade.
1.4.11
A matter of trust
André Barata, Dez notas – não me atrevo a chamar-lhes “teses” – sobre o Problema Português (via Pedro Lains)