Excelente artigo de José Vítor Malheiros que, de tão simples e certeiro que é, até dói. Claro que "acabar com a pobreza", "já", é um programa destinado a ser incumprido e, inevitavelmente, a criar insatisfação entre os seus apoiantes. Mas o combate à pobreza exige insatisfação e indignação, o verdadeiro motor de qualquer mudança neste sentido.
Calma, mas "acabar com a pobreza, e já", não é mera
retórica utópica, desligada dos constrangimentos políticos reais? Nada disso. Basta
pensar no que aconteceu com a Saúde e a Educação no Portugal democrático (não
por acaso áreas tangentes à questão da pobreza).
Claro que ainda existem
pessoas a quem faltam os adequados cuidados de saúde ou que não cumpriram a
escolaridade obrigatória. No entanto, foi a sua ambição universal, a ser
cumprido "já" (ambição que encontra tradução jurídica na força que a Constituição
lhes dá como direitos fundamentais), que permitiu o extraordinário avanço na
saúde e na educação dos portugueses desde o 25 de abril.
Universalizemos, pois, também a não pobreza. Sabendo que, na
saúde, na educação ou no combate à pobreza, nunca nos podemos dar por
satisfeitos. Ou nunca aqui teríamos chegado (e, mesmo apesar destes últimos
anos de austeridade demente, temos de admitir que já andámos muito se olharmos
para trás).
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