... para além de muito do que aqui vem referido, da descriminalização do
consumo de drogas, da procriação medicamente assistida ou do casamento gay; tão pouco tenho vergonha do aprofundamento dos direitos das uniões-de-facto, do fim do divórcio litigioso ou da lei da paridade; muito menos tenho vergonha da legalização de milhares de cidadãos estrangeiros (por via de
uma nova lei da nacionalidade), do reforço dos direitos dos consumidores ou da limitação de mandatos.
Nem todas as medidas são motivo de orgulho. Algumas são generosas mas terão sido mal implementadas (ainda hoje tenho dúvidas se será o caso da avaliação de professores). Outras já nem as subscreveria (como os hospitais PPP nos moldes em que foram lançados) e outras ainda sempre me contrariaram. E, claro, tantas medidas ficaram por tomar, nomeadamente ao nível da regulamentação e tributação do setor financeiro.
Mas lacunas, omissões e erros encontraremos, inevitavelmente, em todos os governos. Na minha avaliação, poucos governos do Portugal democrático se podem orgulhar de ter concretizado uma agenda tão ambiciosa de modernização e combate às desigualdades como a que foi feita nos governos Sócrates.
Serei, naturalmente, sempre suspeito por ter colaborado, à minha insignificante escala, com este programa (sim, num tempo que cultiva a descrença nos políticos, é bom lembrar que muitas destas medidas decorreram de compromissos eleitorais). Quanto a isso, nada posso fazer. A não ser assumir que também disso não tenho vergonha. Muito pelo contrário.
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