28.11.14

Ódios de destruição massiva (que querem, sou uma pessoa sensível)


Todos teremos os nossos ódios de estimação. Uns mais do que outros (há quem os colecione). Outros mais inflamados do que outros. Uns mantemo-los em privado. Outros, partilhamos em  público. Nada de muito mal. Mais ou menos fundamentados, estes ódios fazem parte das nossas idiossincrasias, e também iluminam o debate público.

Mas mal há quando se cultiva este ódio público por arrasto. Quando se considera que quem defende os nossos ódios de estimação merece idêntico tratamento. Já não é só o Sócrates mas os que defendem o Sócrates e os que defendem os que defendem o Sócrates. Já não é só quem considera o Sócrates o diabo na terra. Mas todos quanto admitem a sua culpabilidade. E até mesmo quem manifeste confiança no funcionamento das instituições pode ser considerado merecedor de "ficar um dia à mercê da má-fé de alguém e de uma câmara de televisão ou de um jornal".

Este ódio de destruição massiva está a contaminar de podre o ar que respiramos. Tanto afiamos facas para dirigir aos nossos inimigos, como a quem se atravesse no caminho. Ou esteja simplesmente a passear. Não, não gostei da crónica de ontem do João Miguel Tavares. E tampouco da de hoje do Ferreira Fernandes.

 

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