Todos teremos os nossos ódios de estimação. Uns mais do que outros (há quem os colecione). Outros mais inflamados do que outros. Uns mantemo-los em privado. Outros, partilhamos em público. Nada de muito mal. Mais ou menos fundamentados, estes ódios fazem parte das nossas idiossincrasias, e também iluminam o debate público.
Mas mal há quando se cultiva este ódio público por arrasto. Quando se considera que quem defende os nossos ódios de estimação merece idêntico tratamento. Já não é só o Sócrates mas os que defendem o Sócrates e os que defendem os que defendem o Sócrates. Já não é só quem considera o Sócrates o diabo na terra. Mas todos quanto admitem a sua culpabilidade. E até mesmo quem manifeste confiança no funcionamento das instituições pode ser considerado merecedor de "ficar um dia à mercê da má-fé de alguém e de uma câmara de televisão ou de um jornal".
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