São poucos os livros cómicos, satíricos e hilariantes sobre
escritores contemporâneos que se lêem numa tarde. Lost for Words do excelente Edward St Aubyn não é um
deles. São tão poucos que só conheço um, também de 2014: How To Be A Public Author, de Francis
Plug.
É uma
reportagem ficcionada de Paul Ewen. A parte imaginada tem menos graça do
que a reportada, mas há momentos de confluência das duas partes que são
magníficos e que provam um talento enorme, gloriosamente desgovernado,
irresponsável e imaginoso. Acho que é o primeiro livro que ele publica.
Depois de muitas rejeições foi, mais uma vez, a Galley Beggar
Press (que estreou a obra-prima Beckettiana A Girl is a
Half-formed Thing da
electrificante Eimear McBride) a editora que percebeu o jeito original de
Paul Ewen.
Vá ao site da
editora onde
poderá comprar, para além do livro de Paul Ewen (que é, diabos me grelhem,
mais barato como fantasma no Kindle), a edição paperback da Faber de A Girl is a
Half-formed Thing por
apenas 7 libras.
Paul Ewen – um escritor neozelandês
disfarçado de humorista – é também um jornalista de primeira apanha,
atento a cada pormenor.
O melhor do livro dele são os encontros vedadeiros com os
escritores que ganharam o prémio Booker. São observações de um leitor leal
que desconfia, com razão, das manobras de promoção.
O mundo ideal dele é moralista e moralmente perfeito: os
escritores escrevem e os leitores lêem.
Ele é o contra-ataque. E ganha.
Tiago Tibúrcio
* Tem a impressão de já ter lido isto em qualquer lado? Impressiona-se bem. É a crónica de Miguel Esteves Cardoso no Público de hoje. "Escrita" aqui por mim ao estilo do Observador, que não tem pejo em copiar textos de terceiros (neste caso, o de David Crisóstomo) e apresentando-os, indecorosamente, como seus (via facebook de Maria João Pires)
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