13.1.15

Diz-me com quem andas, dir-te-ei se sabes fazer consensos (viva a hipocrisia)

Consensos com quem nos é próximo ou tem as mesmas ideias que nós é fácil. O difícil é saber quando dar as mãos a quem nos é estranho ou mesmo a quem defende ideias que nos repugnam. Vir denunciar que, entre quem deu as mãos, há quem as tenha sujas, é esquecer que a paz e tantos avanços pelos direitos humanos foram conseguidos com apertos de mão a que muitos chamariam hipócritas.

Liberdade

Segundo o Guardian, muitos jornais publicaram nos respetivos sites a capa de hoje do Charlie Hebdo. Na Europa, fizeram-no o Libération, o Le Monde, o Frankfurter Allgemeine. O Guardian publicou-o, com o aviso de que continha imagens que podiam ser consideradas ofensivas por algumas pessoas. Nos Estados Unidos, foi publicado pelo Washington Post, USA Today, LA Times e Wall Street Journal. O New York Times optou por não o fazer.

8.1.15

Somos mesmo hoje charlies e não há nisso qualquer problema. Antes pelo contrário

Mesmo no plano individual, dá que pensar a forma como reagimos ao que se passou com o charlie hebdo. Vejo que há quem pense (e pensar é bom) que é fácil pretendermos ser hoje todos charlie, quando não o fomos no passado, quando criticámos os cartoons, quando não se achou graça ao humor da revista, quando se aconselhou moderação (ver este texto no open democracy). Não faço parte deste grupo. Achei muitas vezes graça. Não me choquei nem sugeri contenção. Mas isso é absolutamente indiferente. Somos todos charlie (e penso que todos somos mesmo uma esmagadora maioria). Por defendermos que as diferenças de opinião se resolvem ou pela democrática tolerância (o que não impede naturalmente a crítica), ou pelos não menos democráticos tribunais, quando se considere ter havido violação da lei. Não há terceiras vias. As que instigam no outro o medo (de falar, de pensar), caminho que mostramos recusar com este gesto. É isso que faz de nós, hoje, charlies. Não precisamos de ter sido no passado. É, aliás, mesmo essa a ideia.

adenda: faltou acrescentar aqui a vidÊncia sublinhada por badinter: "Ces journalistes-là sont morts pour nous, pour nos libertés qu’ils ont toujours défendues. Sachons nous en souvenir."



6.1.15

O congresso, a igreja dos representantes americanos

O papel da religão na política americana nem sempre é fácil de entender para um europeu (não falo, bem entendido, dessa nova religião, o austeritarismo). Sabemo-lo. Mas nem por isso este quadro deixa de impressionar.

Existem 20% de adultos que não se revêm em nenhuma religião. Mas apenas 0,2% dos membros do congresso. Apenas um membro, a demomcrata Kyrsten Sinema, D-Ariz.

E, nas últimas cinco décadas, apenas um membro do congresso declarou ser ateu, ou seja, que não acreditava em deus ou num ser superior, o democrata Pete Stark, D-Calif.

Meu deus!

Mais sobre o estudo aqui.




5.1.15

Arte da fotografia

Sou quotidianamente surpreendido pelo irritante número de pessoas com talento para a fotografia. Bonitos enquadramentos, de paisagens, de lugares e de pessoas. Sou um desastre neste domínio. Ângulos errados, enquadramentos desastrosos, luz coiso e não raro a sombra de um dedo. Em geral, faltam-me todos os atributos que fazem da esmagadora maioria das pessoas que me rodeia fotógrafos, no mínimo, bastante competentes. Começo a achar.que tenho um raro talento. O de conseguir, mesmo nos momentos menos prováveis, tirar a má fotografia. Não vejo porque não possa ser considerado uma arte.

"Olha, papá, cornetas", sussurrou ele, antes de avisar, com urgência, que "o padeiro" acabara de entrar (para realizar a cerimónia, subentendia-se)


Parece um dilema mas não é

O Pingo Doce voltou a aceitar pagamentos por multibanco abaixo dos 20 euros, informam alguns órgãos de comunicação social. Informam? "Informam". Publicitam. Tal como poderiam fazer em relação aos saldos do ikea, à política de cheques visados da zara ou às vantagens do cartão cliente da fnac. Não deixa de ser interessante ver que órgãos de comunicação social dão a "notícia".