Mesmo no plano individual, dá que pensar a forma como reagimos ao que se passou com o charlie hebdo. Vejo que há quem pense (e pensar é
bom) que é fácil pretendermos ser hoje todos charlie, quando não o fomos no
passado, quando criticámos os cartoons, quando não se achou graça ao humor da
revista, quando se aconselhou moderação (ver este texto no open democracy). Não faço parte deste
grupo. Achei muitas vezes graça. Não me choquei nem sugeri contenção. Mas isso é absolutamente indiferente.
Somos todos charlie (e penso que todos somos mesmo uma esmagadora maioria). Por
defendermos que as diferenças de opinião se resolvem ou pela democrática tolerância (o que
não impede naturalmente a crítica), ou pelos não menos democráticos tribunais,
quando se considere ter havido violação da lei. Não há terceiras vias. As que instigam no outro o medo (de falar, de pensar), caminho que mostramos recusar com este gesto. É isso
que faz de nós, hoje, charlies. Não precisamos de ter sido no passado. É,
aliás, mesmo essa a ideia.
adenda: faltou acrescentar aqui a vidÊncia sublinhada por badinter: "Ces journalistes-là sont morts pour nous, pour nos libertés qu’ils ont toujours défendues. Sachons nous en souvenir."
adenda: faltou acrescentar aqui a vidÊncia sublinhada por badinter: "Ces journalistes-là sont morts pour nous, pour nos libertés qu’ils ont toujours défendues. Sachons nous en souvenir."
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