Isto das idades é uma coisa estranha. Não vou falar de continuar
a sentir-me um adolescente e de, contrariamente a todas as evidências que me
apontam, permanecer convicto de que passaria despercebido em qualquer turma de
universitários. Não vou falar disso. Mas desta coisa bizarra que é ficarmos da
mesma idade de pessoas que, há uns anos, eram muito mais velhas do que nós. Por
exemplo, estava eu nos primeiros anos da faculdade, ainda a descobrir revistas
e jornais, e já a Anabela Mota Ribeiro era uma consagrada entrevistadora. Ou o
facto de a maioria dos desportistas da minha adolescência ter, hoje, poucos
mais anos do que eu. Por outro lado, o contrário também tem que se lhe diga. Tenho um primo e um
irmão que nasceram já eu era quase adulto e hoje temos praticamente a mesma
idade. Lemos, ouvimos e rimos do mesmo. Embora ache que seja o único que sabe
jogar à bola. Parece que, em momento diferentes das nossas vidas,
apanhamos todos aquele autocarro do Einstein que anda à velocidade da luz, dentro
do qual o tempo decorre mais lentamente do que no seu exterior, nivelando a
idade de uns e afastando a de outros. Outra situação. Quando tinha 18 anos tinha
a sensibilidade de um idoso ao tentar entrar na água do mar. Hoje, sou praticamente
um jovem homem da atlântida. Para meu próprio bem, é melhor ficar por aqui.
26.3.15
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