Que o Presidente da República representa um contraponto de legitimidade
democrática à igualmente democrática legitmidade do parlamento é indisputável.
Um e outro recebem diretamente dos cidadãos a confiança para o exercício
de funções. Que estas legitimidades podem chocar é da natureza do sistema semi-presidencial.
Que não é indiferente o momento em que se recebeu essa confiança é algo que parece
ser confirmado pelo bom senso (não resisti), pela prática dos sistemas análogos
e, diria, pela própria Constituição (quando, por exemplo, retira ao Presidente
o poder de dissolução do parlamento no último semestre do seu mandato).
Que o
Presidente da República se considere autorizado para, a escassos meses do fim do
seu mandato, disputar um braço de ferro desta magnitude com a recém legitimada maioria
parlamentar como se tivesse sido eleito ontem é também um sinal de dessintonia
deste presidente. Com os portugueses e com o seu papel no sistema político.
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