8.1.14

Falsas memórias. Ou ainda bem (ou mal) que este post fica aqui registado. Caso contrário juraria um dia nunca o ter escrito

Ainda bem que não sou uma figura pública ou, pecado dos pecados, político. Memórias falsas é comigo. Sobre coisas que, não sendo fundamentais, ou sequer relevantes, têm pelo menos a importância para ficar registadas, ano após ano, na nossa (quer dizer, na minha) memória. Foi assim que andei a espalhar durante anos, a quem estivesse interessado no meu interessante percurso de vida, que sempre fui péssimo aluno a desenho, orgulhando-me de ter tido uma sólida carreira de uns (sim, 1) na mítica disciplina de Educação Visual. Assim constaria da minha biografia oficial se não tivesse tropeçado no outro dia nas minhas avaliações da escola preparatória e secundária. Espanto: vários 5, alguns 4, alguns 3, e um 2 (num primeiro período). Não constam todas as avaliações e ainda sou capaz de jurar que terei tido mais negativas e, inclusive, pelo menos um 1 ("um 1", eheheheh) algures no tempo. Ou talvez o tenha desejado, tal era o horror à disciplina, que exigia técnicas de aprumo ainda hoje estranhas à minha pessoa (como escrever uma página inteira de um caderno sem riscar algo). Não tenho dúvida que a minha memória está cheia de tardes de domingo que foram dias da semana, de estar numa cidade que afinal era outra, de recordar estar com alguém que afinal estava noutro lugar (quantas vezes não jurei ter ido ver um filme ao cinema com alguém que diz ter a certeza de nunca ter visto o mesmo filme, pelo menos comigo"). Mas, no final de contas, não seremos todos mais ou menos assim? Segundo juro que me lembro, há ficção (como esta) e ciência (como esta) a sugerir que sim (mesmo para quem tem uma memória prodigiosa). Pelo menos, acho que sim. Ou talvez não. Estou confuso. 

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