A expulsão de Capucho do PSD e a defesa que tantos fazem da
sua justificação tem o principal daquilo que me afasta de militar num partido.
Não
acho óbvio, nem razoável, nem necessário para um saudável funcionamento dos
partidos que se exija que os militantes se abstenham de participar ativamente numa
eleição (um direito fundamental, já agora), mesmo contra o próprio partido, quando
discorde conjunturalmente das lideranças partidárias e das suas escolhas. É
isto o essencial, para mim.
Poderei acrescentar que acho até aviltante e pouco democrático
que se exija esse dever de abstenção. Na
mesma medida que não se defende que os militantes se abstenham de divulgar opiniões
divergentes à dos partidos. Nem percebo o critério por que se admite estas e
não as outras. Mais estragos faz ao PSD a opinião do Pacheco Pereira ou até
de Ferreira Leite do que a candidatura de Capucho (já nem me lembrava).
Sendo as lideranças conjunturais, parece-me absurdo
defender-se a expulsão ou a saída pelo próprio pé. E, volto a dizer (o que não
deveria ser de somenos numa altura em que os partidos estão, mais do que nunca,
em causa), um enorme incentivo a que muitos prefiram não aderir aos partidos.
Lealdade a princípios parece-me bem mais importante do que a lideranças
conjunturais. Mesmo reconhecendo que tem de haver regras. Só que não esta.
E o facto de estar nos estatutos (do PSD, do PS; e de outros
partidos, presumo) não me convence. Não apenas porque em circunstâncias análogas as direções
já tomaram (e bem, a meu ver) a liberdade de não aplicar a sanção. Como a sua existência
promove, se interpretada de forma automática, a desinteligência (embrulha sr.ª
presidente).
E vejo pouco interesse que se venha dizer que Capucho é isto ou aqueloutro, ou que nunca se manifestou antes contra esta regra. O Capucho somos, para este efeito (e só para este mesmo), todos nós.
Opinião bem diferente tenho quanto a quem ocupa lugares em nome
do partido ou do governo por este apoiado. Estes sim, têm um dever de lealdade
em relação a quem o escolheu para prosseguir determinada política. Mas isso é
outra discussão.
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