27.2.15
Por princípio, prefiro que não me tomem por parvo (reutilizar posts do facebook)
Costumo gostar muito de ler Augusto Santos Silva mas, para ser franco, acho este post bastante ofensivo (e eu ofendo-me pouco) para todos os que, como eu, acham justificado este escrutínio às declarações de antónio costa. Posso até concordar que as declarações se apropriavam às circunstâncias (não estou convencido) mas um político (e o partido) tem o dever de as explicar aos cidadãos. Sem má vontade e desatar a metralhar para todos os lados. Esta atingiu-me de raspão.
25.2.15
Não me choca (aliás, percebo) a ideia de um bar gay. Já me parece inaceitável um bar hetero. Este discrimina. O outro nem por isso.
Sobre a importância de não deixar o debate da discrminação entregue apenas aos juristas.
Porque interessa falar do caso da barbearia que não interessa ao menino jesus
A questão da barbearia que proíbe a entrada a mulheres desinteressa-me
profundamente. Já o mesmo não posso dizer acerca dos comentários que a este
respeito tenho lido (ilustrado nesta opinião do Observador).
Resumidamente (ou nem por isso):
1 - A comparação desta situação aos casos em que homens, crianças,
idosos, ou famílias, são igualmente discriminadas em estabelecimentos
comerciais (como ginásios ou hotéis) não procede. Pela simples razão de não
haver na sociedade um problema de discrinação destas populações. No entanto, existe em relação às
mulheres (que compara, para este efeito, com questões de raça, religião ou de orientação sexual).
2 - Existe em relação às mulheres. São muitos os exemplos. Uns
mais graves (a violência doméstica), outros também graves (discriminação no
trabalho: salarial, maternidade), outros não menos graves (desigualdade na repartição
das tarefas domésticas). Este caso da barbearia não é, evidentemente, grave. No
entanto, um dos equívocos que vejo nas reações a este caso (sim, também luto
contra o instinto de achar ridícula a importância dada a estes senhores), é
achar-se que a luta contra a discriminação deve ser feita apenas às situações mais
graves (que são as mais graves, todos concordamos). Ora, estas não são mais do
que o reflexo da cultura que partilhamos enquanto sociedade, que ainda é muito conivente
com esta discriminação, aceitando-a, replicando-a, mais ou menos conscientemente.
E isto só mudará quando se atacarem as discriminações do dia a dia. Porque todos
concordamos que os homens não devem bater nas mulheres (nem o inverso). Mas já estaremos
menos conscientes do quanto muitas das coisas que dizemos, fazemos e ouvimos todos
os dias (sim, muito e todos os dias) atingem, de forma desigual, as mulheres. E
que mudar isto é um passo decisivo para mudar aquilo. É por isso que a
discussão do piropo é importante.
3 - Eu até tinha um exemplo que ocorreu comigo no outro dia.
Uma rábula bastante engraçada que fazia (é o que eu acho) acerca do amuadinho do
marido da Birgitte Nyborg. Até que fui confrontado com o sexismo latente do meu
número. E, depois de franzir o sobrolho, desconfiando da justeza do remoque, enfiei
a viola no saco. Mas não vou desenvolver para não afetar a minha imagem (é o que eu penso) de pessoa bastante espetacular neste domínio.
4 - Era só isto.
24.2.15
I have a dream
Uma das coisas que gostava muito que mudasse na política era que os seus atores fossem os primeiros a reconhecer eventuais cedências, mitigações, propostas que tiveram de comprometer, ou seja, os contras das suas opções.
Focarem-se apenas nas partes boas será, a curto prazo, bom spinning. Mas mina a relação de confiança com quem está disposto a ouvir o que têm a dizer com um mínimo de espírito crítico (e esta relação está hoje pelas ruas da amargura). Toma as pessoas por incapazes de perceber a contrapartida, o lado menos favorável, deixando o exclusivo dessa interpretação aos opositores.
A forma como o último governo sócrates lidou com a crise é, quanto a isso, paradigmático, apresentando as primeiras medidas de austeridade pelo seu virtuosismo e não como algo a que foi constrangido a recorrer para evitar males maiores.
E vê-se isso hoje, quando se pretende (à esquerda e à direita) vender o braço de ferro entre a grécia e as instituições europeias como uma vitória ou uma derrota em toda a linha.
Mas isto é válido para a generalidade das escolhas que se podem fazer em política. Passe a simplicidade, todas elas têm prós e contras. Gostava de ver isso mais refletido no discurso político.
Eu tenho um sonho (desculpem, estou há semanas a pensar ir ver o selma...): ver um partido apresentar um programa eleitoral no qual se identifiquem, explicitamente, as vantagens e desvantagens de cada uma das propostas.
Vantagens: as pessoas têm o direito a esta informação; as pessoas saberem que os principais argumentos foram sopesados pelos responsáveis políticos; contrariar a ideia de falta de espírito crítico dos partidos; a longo prazo, atrair mais pessoas para a política ativa, nomeadamente as que têm a ideia que a militância implica abdicar de debater a política com todas as suas matizes; credibiliza.
Desvantagens (agora tem mesmo de ser...): enfraquece a mensagem; dá armas aos seus adversários políticos, reconhecendo os pontos fracos das respetivas propostas; dificuldade em passar nos media, que têm uma pulsão para o tudo ou nada e dicotomizar o debate em torno do preto ou branco, do ser bom ou mau,
Mas tudo ponderado, penso que valaria a pena. E é apenas um sonho. Abruptamente interrompido pela emergência da fome condizente com a hora (do almoço).
Focarem-se apenas nas partes boas será, a curto prazo, bom spinning. Mas mina a relação de confiança com quem está disposto a ouvir o que têm a dizer com um mínimo de espírito crítico (e esta relação está hoje pelas ruas da amargura). Toma as pessoas por incapazes de perceber a contrapartida, o lado menos favorável, deixando o exclusivo dessa interpretação aos opositores.
A forma como o último governo sócrates lidou com a crise é, quanto a isso, paradigmático, apresentando as primeiras medidas de austeridade pelo seu virtuosismo e não como algo a que foi constrangido a recorrer para evitar males maiores.
E vê-se isso hoje, quando se pretende (à esquerda e à direita) vender o braço de ferro entre a grécia e as instituições europeias como uma vitória ou uma derrota em toda a linha.
Mas isto é válido para a generalidade das escolhas que se podem fazer em política. Passe a simplicidade, todas elas têm prós e contras. Gostava de ver isso mais refletido no discurso político.
Eu tenho um sonho (desculpem, estou há semanas a pensar ir ver o selma...): ver um partido apresentar um programa eleitoral no qual se identifiquem, explicitamente, as vantagens e desvantagens de cada uma das propostas.
Vantagens: as pessoas têm o direito a esta informação; as pessoas saberem que os principais argumentos foram sopesados pelos responsáveis políticos; contrariar a ideia de falta de espírito crítico dos partidos; a longo prazo, atrair mais pessoas para a política ativa, nomeadamente as que têm a ideia que a militância implica abdicar de debater a política com todas as suas matizes; credibiliza.
Desvantagens (agora tem mesmo de ser...): enfraquece a mensagem; dá armas aos seus adversários políticos, reconhecendo os pontos fracos das respetivas propostas; dificuldade em passar nos media, que têm uma pulsão para o tudo ou nada e dicotomizar o debate em torno do preto ou branco, do ser bom ou mau,
Mas tudo ponderado, penso que valaria a pena. E é apenas um sonho. Abruptamente interrompido pela emergência da fome condizente com a hora (do almoço).
Ler editorial do Público de hoje e desalentar. Em 2015, continua-se a compreender mal as causas da crise. Não falando dos que a compreendem muito bem mas para quem a culpa é sempre do mordomo (do estado e dos seus desmandos)
Viver acima das possibilidades significa gastar aquilo que não se tem. E, quando se gasta aquilo que não se tem, tem de se ir pedir emprestado a quem tenha. Segundo muitos economistas, foi este comportamento que, levado ao extremo, levou o país quase à bancarrota em 2011. Como tal, a evolução dos empréstimos do Estado, das famílias e das empresas é um bom indicador do ajustamento que o país teve de fazer.
(...) Uma parte da escalada da dívida pública estará relacionada com fenómenos contabilísticos, como, por exemplo, a contabilização da dívida de empresas públicas que antes estavam fora do perímetro do Estado. A outra parte deve-se à ausência da reforma do Estado que faça diminuir os gastos públicos de forma permanente. E aqui ainda há muito por fazer.
(...) Uma parte da escalada da dívida pública estará relacionada com fenómenos contabilísticos, como, por exemplo, a contabilização da dívida de empresas públicas que antes estavam fora do perímetro do Estado. A outra parte deve-se à ausência da reforma do Estado que faça diminuir os gastos públicos de forma permanente. E aqui ainda há muito por fazer.
23.2.15
20.2.15
Pensamento do dia de ontem: terei sido, como qualquer pai, para a minha filha um certo tipo de super-herói. Até ao momento em que tentei explicar-lhe, com o entusiasmo que a minha imaginação permitiu, o que era ser jurista... (o olhar, que deixara de brilhar, escondia a interrogação: porque não biólogo, arqueólogo, botânico, agricultor, apicultor, veterinário, construtor, museólogo, ginasta, cientista, professor, ator, whatever?). Piedosamente, optou por dizer que não percebia muito bem o que lhe tentava explicar
Vou ao google translate e deprimo. Um sentimento de traição pelo que fazemos aos gregos. Um governo que vende em Berlim um Portugal banha da cobra, muito diferente do que o que ficou por cá. Houvesse também duas alemanhas. Infelizmente, e as últimas sondagens estão aí para no-lo lembrar, o Governo alemão representa fielmente a vontade dos seus cidadãos.
17.2.15
14.2.15
12.2.15
Não é por ter sido eu a escrevê-lo mas este post é muito bom
Formas alternativas de dizer que um post, um artigo, uma determinada situação ou acontecimento, é muito bom. Nomeadamente:
Baril
Fixolas
Altamente
Bué fixe
Curtido
Interessante
Espirituoso
Boníssimo
Engraçado
Divertido
Perspicaz
Entusiasmante
Porreiro
Maningue nice
Empolgante
Ótimo
Maravilhoso
Delicioso
Sagaz
Inteligente
Excelente
Agora a sério, isto é uma reportagem do caraças. Vidas viradas do avesso por causa de um post infeliz.
11.2.15
Em míudo, tinha um colega de escola que gostava de fazer inveja com os seus "rubeçados". Perante o gozo de alguns, tratou de emendar, com desportivismo, para - e fazia uma pausa antes de soletrar, sonoramente - "ra-bu-ça-dos". Por vezes, divirto-me com o acessório. E com as faltas escolhido presumo de vírgulas.
"O mais próximo conselheiro de Costa – escolhido presumo porque Costa vê mérito nas peculiares ideias do senhor – aconselha-o a averiguar o que há por aí no país para nacionalizar. Separo as sílabas: na-cio-na-li-zar"
Via Porfírio Silva
9.2.15
Krugman IV (etc.) - Nesta altura do campeonato, quem não percebeu é porque, provavelmente, não quer. Mas a recente mudança de opinião de Vítor Bento mostra que não é bem assim e que ainda há esperança.
First, the facts:
Last week, the McKinsey Global Institute issued a report titled “Debt and (Not
Much) Deleveraging,” which found, basically, that no nation has reduced its
ratio of total debt to G.D.P. Household debt is down in some countries,
especially in the United States. But it’s up in others, and even where there
has been significant private deleveraging, government debt has risen by more
than private debt has fallen.
You might
think our failure to reduce debt ratios shows that we aren’t trying hard enough
— that families and governments haven’t been making a serious effort to tighten
their belts, and that what the world needs is, yes, more austerity. But we
have, in fact, had unprecedented austerity. As the International Monetary Fund
has pointed out, real government spending excluding interest has fallen across
wealthy nations — there have been deep cuts by the troubled debtors of Southern
Europe, but there have also been cuts in countries, like Germany and the United
States, that can borrow at some of the lowest interest rates in history.
All this
austerity has, however, only made things worse — and predictably so, because
demands that everyone tighten their belts were based on a misunderstanding of
the role debt plays in the economy.
You can see
that misunderstanding at work every time someone rails against deficits with
slogans like “Stop stealing from our kids.” It sounds right, if you don’t think
about it: Families who run up debts make themselves poorer, so isn’t that true
when we look at overall national debt?
No, it
isn’t. An indebted family owes money to other people; the world economy as a
whole owes money to itself. And while it’s true that countries can borrow from
other countries, America has actually been borrowing less from abroad since
2008 than it did before, and Europe is a net lender to the rest of the world.
Because
debt is money we owe to ourselves, it does not directly make the economy poorer
(and paying it off doesn’t make us richer). True, debt can pose a threat to
financial stability — but the situation is not improved if efforts to reduce
debt end up pushing the economy into deflation and depression.
Which
brings us to current events, for there is a direct connection between the
overall failure to deleverage and the emerging political crisis in Europe.
European
leaders completely bought into the notion that the economic crisis was brought
on by too much spending, by nations living beyond their means. The way forward,
Chancellor Angela Merkel of Germany insisted, was a return to frugality.
Europe, she declared, should emulate the famously thrifty Swabian housewife.
This was a
prescription for slow-motion disaster. European debtors did, in fact, need to
tighten their belts — but the austerity they were actually forced to impose was
incredibly savage. Meanwhile, Germany and other core economies — which needed
to spend more, to offset belt-tightening in the periphery — also tried to spend
less. The result was to create an environment in which reducing debt ratios was
impossible: Real growth slowed to a crawl, inflation fell to almost nothing and
outright deflation has taken hold in the worst-hit nations.
Suffering
voters put up with this policy disaster for a remarkably long time, believing
in the promises of the elite that they would soon see their sacrifices
rewarded. But as the pain went on and on, with no visible progress,
radicalization was inevitable. Anyone surprised by the left’s victory in
Greece, or the surge of anti-establishment forces in Spain, hasn’t been paying
attention.
Nobody
knows what happens next, although bookmakers are now giving better than even
odds that Greece will exit the euro. Maybe the damage would stop there, but I
don’t believe it — a Greek exit is all too likely to threaten the whole
currency project. And if the euro does fail, here’s what should be written on
its tombstone: “Died of a bad analogy.”
Paul Krugman,Nobody Understands Debt, hoje.
First, the facts: Last week, the McKinsey Global Institute issued a report titled “Debt and (Not Much) Deleveraging,” which found, basically, that no nation has reduced its ratio of total debt to G.D.P. Household debt is down in some countries, especially in the United States. But it’s up in others, and even where there has been significant private deleveraging, government debt has risen by more than private debt has fallen.
Krugman III - Nesta altura do campeonato, quem não percebeu é porque, provavelmente, não quer. Mas a recente mudança de opinião de Vítor Bento mostra que não é bem assim e que ainda há esperança.
So how much progress have we made in returning the economy to that “normal state”? None at all. You see, policy makers have been basing their actions on a false view of what debt is all about, and their attempts to reduce the problem have actually made it worse.
Paul Krugman, Nobody Understands Debt, hoje.
Paul Krugman, Nobody Understands Debt, hoje.
Krugman II - Nesta altura do campeonato, quem não percebeu é porque, provavelmente, não quer. Mas a recente mudança de opinião de Vítor Bento mostra que não é bem assim e que ainda há esperança.
"Or as Ms. Yellen put it in 2009, “Precautions that may be smart for individuals and firms — and indeed essential to return the economy to a normal state — nevertheless magnify the distress of the economy as a whole.”
Paul Krugman, Nobody Understands Debt, hoje.
Krugman I - Nesta altura do campeonato, quem não percebeu é porque, provavelmente, não quer. Mas a recente mudança de opinião de Vítor Bento mostra que não é bem assim e que ainda há esperança.
"Many economists, including Janet Yellen, view global economic troubles since 2008 largely as a story about “deleveraging” — a simultaneous attempt by debtors almost everywhere to reduce their liabilities. Why is deleveraging a problem? Because my spending is your income, and your spending is my income, so if everyone slashes spending at the same time, incomes go down around the world."
Paul Krugman, Nobody Understands Debt, hoje.
5.2.15
A magia da NBA ou a construção de afinidades numa criança
- Pai, quero ver um jogo da NBA contigo este fim de semana.
- Excelente! (foi para casos destes que se inventaram os pontos de exclamação). Que
equipa preferes ver?
- Humm... como é que se chama aquele jogador com nome parecido
à equipa do Harry Potter, os Griffindor?
- ... o Blake Griffin?
- Sim, de que equipa é ele?
- Dos LA Clippers - Youtube - É este?
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