1.11.13

Por que correm os políticos?

Espreito, por curiosidade, a página do facebook de um ex-colega com quem trabalhei e por quem tenho estima e simpatia (o Pedro Ramos de Almeida), que se candidata a presidente da comissão política concelhia de Oeiras do PS. Para não variar, fico impressionado com a trabalheira que dá olear a democracia (podia falar aqui do facto poucas vezes apontado de que sem esta competição não há democracia; talvez outro dia). 

Reunião terça à noite; sessão de esclarecimento na quinta às 19.00; Intervenção no sábado às 11.00; mais não sei o quê no domingo, na quarta e na sexta. E penso que seria divertido se os políticos fossem recrutados por anúncio: 

Aceitam-se candidatos a Político, com as seguintes condições: disponibilidade 7 dias por semana, incluindo feriados, trabalho por turnos (às vezes de dia, às vezes à noite, às vezes de dia e de noite); Capacidade para falar em público (muitas vezes sem tempo para preparação); submeter-se ao escrutínio (e muitas vezes mediático) de tudo o que diz e faz; remuneração improvável nos primeiros anos de atividade (embora, de tempos a tempos, haja carne assada para os mais voluntariosos). Bem, imaginei isto mas com graça.

Uns poucos, chegarão um dia ao poder local. Menos ainda, ao poder nacional. As condições de trabalho só se agravarão (tchau família), embora tenham, desta vez, uma justa compensação (material e, para quem ligue a essas coisas, pelo serviço público). A maioria, como os espermatozóides (as analogias e os parêntesis são o meu ponto fraco), ficarão pelo caminho, dando o seu contributo indispensável sem receber nada de significativo em troca. 

Por que correm eles? Não sei. Sei que comigo não contam para responder a este anúncio. Tenho uma família (que anseia, naturalmente, por todos os momentos que pode passar com a minha pessoa) e, em geral, coisas melhores com que ocupar o meu tempo. E vocês?