26.2.09

Frost e Nixon


Vejo, por acaso, um excerto da entrevista que David Frost fez a Nixon, que tem estado a ser exibida na SIC Notícias. Do filme, ficara com a ideia que Nixon fez de Frost o que quis durante a quase totalidade da entrevista e que este apenas conseguiu impor-se na questão do Watergate, forçando Nixon a sair do seu monólogo encantatório. O excerto que vi da entrevista era sobre a política dos EUA em relação à América Latina e Frost esteve muito bem. Não deixou que a discussão se resumisse à simplificação do perigo vermelho que Cuba e o Chile representavam para os interesses dos EUA na região (dos económicos à segurança) mas confrontando-o com o significado das escolhas da política externa americana, como a do apoio ao derrube de um governo eleito democraticamente (Allende), em benefício de uma ditadura de direita. O critério era apenas o do interesse dos EUA, interpretado, a cada momento, pelo seu Presidente, o seu juiz derradeiro. Ou seja, o mesmo que orientou sua actuação no caso Watergate, como o próprio confessou a Frost, na famosa frase: “when the president does it that means that it is not illegal”.

25.2.09

Aposto que dizes isso de todos

Ao reler o último texto, fico com a ideia que estou a justificar-me por não saber quem era o Courbet... Já me tinham dito que isto dos blogues era como vermo-nos ao espelho. Mas neste caso em particular até que não é verdade.

O quê? Tu não sabes quem foi o Courbet!?

Do que leio parece que a intervenção da PSP de Braga foi despropositada a todos os níveis. Agiram “para evitar desacatos”? Mas então, se algum papel cabia à polícia neste episódio, não era precisamente o de assegurar o legítimo exercício de direitos, nomeadamente o de expor, em liberdade, aquelas obras? Tudo indica, assim, que o juízo da polícia foi de concordância com os queixosos, que consideraram a obra em causa pornográfica – e que, por essa razão, não devia estar exposto ao público.

Dito isto, este episódio chama a atenção para uma questão que não me parece nada pacífica. A imagem da controvérsia não é pornográfica porque é do Courbet, isto é, porque é arte? Se assim for, este domínio exclusivo da arte sobre a imagética da nudez e do sexo não constitui, em si mesmo, uma limitação da liberdade?

Dito isto – e também aquilo, claro –, não deixa de ser espantoso que neste, como em casos semelhantes, tantos venham prontamente indignar-se, ou contristar-se, com o iletrismo cultural dos portugueses – e em particular dos polícias! –, logo se demarcando os próprios como pessoas de muita, muita cultura. É que se a cultura dos cidadãos é algo que deve ser valorizado e incentivado por uma sociedade de homens livres, ela nunca deve servir para lançar o labéu sobre os que a não tenham, o que quer que isso possa significar.

Dito isto - e também aquilo e aqueloutro -, eu também não saberia identificar um Courbet.

18.2.09

Cartão de cidadão e o recenseamento eleitoral

O cartão do cidadão vem, finalmente, pôr fim à bizarra situação de haver pessoas que estão recenseadas num local diferente do da sua residência. Como Vital Moreira chama a atenção, o local do recenseamento eleitoral nunca foi de livre escolha. É, por isso, surpreendente quando ouvimos certas pessoas dizer que consideram alterar o local de recenseamento em função da simpatia que têm, ou não, pelos candidatos locais.

Embora não seja o caso de Pacheco Pereira, presumo que a maioria daquelas situações ocorre no caso das pessoas que vão residir para os grandes centros urbanos (é, pelo menos, essa a realidade que intuo a partir de vários casos que conheço), permanecendo recenseados na morada afectiva. Sabendo-se que, no caso das eleições legislativas, o número de deputados eleitos por círculo varia em função do número de eleitores (Lei Eleitoral da AR, art. 13, n.º2), esta correcção introduzida por via do cartão de cidadão não terá efeitos a este nível?

17.2.09

Bizarro world

O oposto da conhecida expressão da ciência política "when Nixon goes to China"* é o muito nosso "em casa de ferreiro espeto de pau".

* formulação que traduz a ideia de que, frequentemente, os actores políticos em melhores condições para prosseguir uma determinada reforma são, precisamente, aqueles que a ela se opunham.

Darwinismo para crianças

No outro dia, decidi explicar à minha filha de 3 anos e meio a teoria da evolução. A minha abordagem passava por tentar que compreendesse que nem sempre o homem tinha andado direito e que, há muito muito tempo, andava curvado e se assemelhava a um macaco. Ela perguntou-me se também eu tinha sido assim! Recorri então ao Youtube, à procura de auxílio. E ele surgiu nesta magnífica animação.