28.12.10

Ontem fui ("fui", palavra estranha para português, não é?) ver este filme. Gostei

Quem não quer ser monge não lhe veste o hábito

"Esta semana, até ao início do ano, será particularmente activa em movimentações jurídicas. Sindicatos da Função Pública, entre eles Professores, Magistrados e Juízes estão a ultimar pareceres contra a redução salarial imposta pelo Governo."

Notícia daqui.

21.12.10

Aprender a democracia (dueto)

Já aqui fiz referência à antiga juíza do Supremo Tribunal dos EUA Sandra Day O' Connor e ao seu notável trabalho pela aprendizagem da Democracia. Também já aqui prestei homenagem ao gigante do jazz que é Winton Marsalis e ao seu admirável trabalho pela aprendizagem da música. Mas ainda não conhecia isto. Os dois juntos. Em dueto. Preciso de novos adjectivos.


15.12.10

Filho de pais incógnitos

Daniel Oliveira tem aqui um bom texto sobre o ensino e o sistema educativo português, que o último relatório PISA veio evidenciar.

Fala da clareza dos dados.

Fala dos piores resultados da Suécia e da República Checa na Matemática, Ciência e literacia, que imputa (e bem) às políticas da despublicização do ensino.

Dos incríveis (gosto de adjectivos) progressos de Portugal nestes domínios, bem como de sermos dos países onde o sistema educativo melhor corrige as assimetrias socio-económicas, que imputa a... não imputa.

Ao ler o texto de Daniel Oliveira, fico com a sensação que, ao contrário dos resultados da Suécia e da República Checa, os de Portugal são filhos de pais incógnitos. Como se dizia noutros tempos, quando havia embaraço em assumir as reais paternidades.

Pernicioso costume presidencial?


Entendo que o direito de veto político do Presidente da República apenas deve ser usado em caso de grave discordância política. Quando o decreto ponha, por exemplo, em causa valores e princípios que o PR considere recolherem o consenso da comunidade. Acho bem que utilize o crivo dos valores da comunidade e não dos seus valores pessoais, assim se cumprindo a ideia do presidente de todos os portugueses. Julgo ser também esta a posição mais consentânea com a função de controlo, de árbitro, que o presidente desempenha no nosso sistema político. O poder legislativo compete ao Parlamento e ao Governo, não devendo o PR ser caucionador das opções políticas materializadas em leis.

Ora, quando o Presidente da República introduz nos costumes presidenciais o hábito de promulgar leis sob reserva, exprimindo (até sob a forma de mensagem dirigida à AR) a sua discordância, deixa-nos com a seguinte perplexidade: quer dizer que concorda com todas as leis que promulga sem mensagem? Mas desta forma não se está a co-responsabilizar pelas opções políticas da AR e do Governo, pondo de alguma forma em causa o poder moderador e de controlo que deve exercer sobre estes órgãos de soberania? Dúvidas.

14.12.10

Holbrooke


Para quem apenas acompanha a diplomacia pelos media, Richard Holbrooke é uma das figuras marcantes das últimas décadas. O Público faz um bom resumo do que dele se diz na imprensa internacional. Parecia ser uma figura complexa e cheia de qualidades que são defeitos e defeitos que são qualidades. Para muitos, a guerra na ex-jugoslávia foi uma espécie de trauma. Do fim da inocência. A Europa, que vivia sem guerras há 50 anos (um recorde, creio) não iria viver feliz para sempre e mergulhava num conflito assustador, a que a União Europeia e as suas principais potências apenas conseguiam assistir, imobilizados, sem qualquer capacidade (e vontade?) de influenciar. Uma guerra que começara no início da década de 90 e que, à medida que íamos assistindo, em directo na tv, ao tempo a passar (os snipers, os massacres, os êxodos e o ódio, muito ódio), começava a parecer tragicamente irresolúvel. Sérvios, croatas e bósnios. Católicos, ortodoxos e muçulmanos. Peças do mesmo puzzle que pareciam já impossíveis de encaixar. Depois houve a intervenção da NATO. Mas não é isso. Dayton. Com todos os defeitos que já na altura se lhe conheciam, Holbrooke, o enviado da Administração Clinton, conseguiu o que parecia impossível de alcançar: um acordo e trazer a paz àqueles territórios. Visto à distância, parece que foram “apenas” três anos de guerra civil (1992-1995). Mas lembro-me bem demais da sensação de que a Europa estava a caminhar (outra vez) para o abismo. Talvez não seja exactamente assim que a história se conta. Mas foi isto que me lembrei quando soube da morte de Holbrooke. O bulldozer.

Previsões

"As sondagens são previsões, dão conta de sentimentos" (Rogério Santos, director do Centro de Sondagens da Universidade Católica, Público).

Ia jurar que oiço há anos Pedro Magalhães tentar afastar esta ideia de que as sondagens preveêm o que quer que seja. Medem intenções, dão-nos o retrato dessas preferências num determinado período temporal. Mas não pretendem adivinhar o futuro. Quer isto dizer alguma coisa? Não faço ideia. É apenas estranho.

13.12.10

Os telegramas da embaixada (ei, psst! agora com adenda)

Independentemente do que se possa pensar das leaks da wiki, tenho a dizer que os telegramas da embaixada dos EUA em Portugal são magníficos. Estilo directo e notável poder de síntese, expurgado de qualquer facto acessório ou menos relevante. Só miolo. Quando necessário, análise (informada e perspicaz). Gostava de ler um jornal assim.

Adenda: este post visava sobretudo manifestar a minha reacção à forma e ao estilo (enxuto) dos telegramas. Quanto ao conteúdo, parece-me haver de tudo, inclusivamente coisas destas:

"Both the PCP and BE are poised to gain support in national legislative elections, but are too small to govern. Each party hopes to form a coalition with the PS"

Assim, queiram, por favor, desconsiderar a parte em que refiro análise "informada e perspicaz". Quanto ao resto, mantenho.

As minhas músicas de 2010

Suites para violoncelo. Bruno Cocset.

10.12.10

Discutir a liberdade de expressão. Gerúndio.

Liu Xiaobao e Julian Assange. Em ambos os casos, a mesma questão: a da liberdade de expressão e os seus limites. No primeiro, encontramo-nos perante o núcleo essencial deste direito, perspectiva que, exceptuando casos patológicos, parece estar consolidada na generalidade das democracias. O segundo convoca-nos para uma dimensão da discussão que está longe de ser consensual, provando que o tema das liberdades essenciais e de como se relacionam entre elas e com outros valores fundamentais da comunidade é um debate in progress. Pessoalmente, sempre que acho que encontrei nesta discussão do wikileaks um ponto onde equilibrar-me, espalho-me. É ir tentando.



Na minha janela, a minha bandeirinha de Natal

6.12.10

Estranho mundo este...

... em que a palavra transparência (dos governos, das administrações, dos decisores) começa a deixar na boca um sabor a fel.

2.12.10

Como vai ser assistir ao mundial no Qatar

Dúvida metódica

Se a liberalização dos despedimentos surge, segundo os seus indefectíveis, da necessidade de os empregadores melhor poderem adaptar-se às vicissitudes do mercado, despedindo nos momentos difíceis, contratando na bonanza, não seria consequente (e coerente) defender, por exemplo, a proibição das cláusulas de rescisão dos membros de órgãos de administração, frequentemente com valores exorbitantes, que condicionam na mesma medida a capacidade de essas entidades empregadoras se adaptarem às vicissitudes do mercado, substituindo-os por melhores gestores? Recorrendo aos dois exemplos que me vêm à memória, os valores das cláusulas de rescisão de Teixeira Pinto (no BCP) e de Carlos Queiroz (na Selecção Nacional) não terão constituído um espartilho à capacidade destas entidades optarem por melhores profissionais? Ter-me-á escapado o apelo da Comissão Europeia ao fim destas cláusulas indemnizatórias e estou aqui a fazer figura de parvo? Ou estou só a fazer figura de parvo?

Sprechen Sie Deutsch?

Para quem sabe alemão, o Spiegel tem um excelente artigo sobre como a questão alemã começa a ser vista pelas altas esferas governativas europeias e como a opinião pública alemã se começa a aperceber disso. Para quem não sabe (como é o caso de todos os membros deste blog), ainda melhor, pois basta ler o excelente post do Porfírio Silva sobre o tema, que junta a isto uns pozinhos de Financial Times e de comentário mordaz (qb).

Gosto de viver num país assim (e onde os juros da dívida descem e etc.)

"Políticas de imigração de Portugal voltam a ser elogiadas: À semelhança das Nações Unidas, também a Organização Internacional para as Migrações (OIM) decidiu destacar as políticas adoptadas por Portugal com vista ao acolhimento e integração dos imigrantes. No relatório mundial sobre a migração relativo a 2010, publicado na terça-feira, a OIM realça em particular a experiência dos Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (CNAI), existentes em Lisboa, Porto e Faro, frisando que estes constituem "um serviço de informação integrado, exemplo de uma intervenção coordenada e coerente entre várias entidades parceiras".