6.8.10

“Nem os juízes podem servir-se de peças processuais para vazar nelas as suas convicções”

Pedagogia democrática. Vale a pena ouvir a declaração do penalista Figueiredo Dias sobre o original despacho do Freeport (disponível aqui). À falta de vídeo, fica uma citação.

“É absolutamente anormal. É absolutamente negativo. O magistrado tem a sua plena autonomia relativamente à aplicação da lei e do direito. (…) Nem os juízes podem servir-se de peças processuais para vazar nelas as suas convicções, os seus entendimentos subjectivos, as suas interpretações pessoais. Não, não!”

4.8.10

É a política. Ou então somos todos estúpidos

Sobre a resposta que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) entendeu dar à entrevista do PGR muito, mas mesmo muito, haverá a dizer. Gostaria, por agora, apenas de registar uma frase, que denuncia a concepção politizada subjacente à acção desta organização. Refiro-me a este excerto: “É, de todos, o Procurador-Geral da República com mais poderes na história da nossa democracia. Teve o engenho e a arte de acrescentar aos dos seus antecessores novos poderes, inéditos, inconstitucionais, inexplicavelmente concedidos pela maioria parlamentar na legislatura anterior.”. Ora, as leis são o produto da vontade do povo. Não lhes competindo fazer política, para os sindicalistas do Ministério Público não pode haver leis do PS, do PSD ou de outro qualquer partido. Há leis da República, emanação da vontade popular. Isso não os impedirá de apreciar criticamente as leis que os regem. Apenas não o devem, não o podem, fazer com base em apreciações político-partidárias. Muito menos devem, podem, descer à abjecta insinuação de troca de favores entre o poder político e o PGR que aquela frase encerra. Não devem, não podem, porque um Ministério Público onde se faz política seria extremamente perigoso para a democracia. Seria, não. É.

Títulos de um país sem memória

40 anos depois da morte Salazar está na 'moda'

3.8.10

Notícias da Velha Albion


Mais de cem académicos britânicos foram convidados a escolherem quais os primeiros ministros mais bem sucedidos da história recente do Reino Unido. Em primeiro lugar ficou Clement Atlee (na foto), primeiro-ministro entre 1945 e 1951, responsável pela criação do Serviço Nacional de Saúde.

A lista final é a que se segue (retirada daqui).

1. Attlee
2. Thatcher
3. Blair
4. Macmillan
5. Wilson
6. Churchill
7. Callaghan
8. Major
9. Heath
10. Brown
11. Alec Douglas-Home
12. Eden

Não têm aquilo mas têm isto. Fabuloso solo vocal (chamar-se-á assim? duvido)

Giant Steps, num vídeo de belo efeito

Questões pertinentes (no Verão, no Outono ou em qualquer estação)


Como é possível que no youtube não se encontre uma versão do "Easy to love" cantado por esta senhora? Hum?

Entrevista do PGR ao DN - III

DN: Preocupa o PGR que continuem a ser publicadas notícias que levantem suspeitas sobre o primeiro-ministro, apesar de este não ter sido constituído arguido nem acusado neste despacho final?

PGR: (...) é absolutamente necessário que o poder político (seja qual for o governo e sejam quais forem as oposições) decida se pretende um Ministério Público autónomo, mas com uma hierarquia a funcionar, ou se prefere o actual simulacro de hierarquia em que o procurador-geral da República, como já vem sido dito, tem os poderes da Rainha de Inglaterra e os procuradores-gerais distritais são atacados sempre que pretendem impor a hierarquia. É imperioso que se diga que modelo se deseja para o País: Se um sistema em que o Sindicato quer substituir as instituições ou um Ministério Público responsável. É preciso que sem hesitações se reconheça que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público é um mero lobby de interesses pessoais que pretende actuar como um pequeno partido político. É essa a questão que o poder político deve esclarecer de forma inequívoca, não sendo lícito defender uma posição enquanto poder e outra enquanto oposição.

Aqui.

Entrevista do PGR ao DN - II

DN: É normal incluir num despacho como este questões como aquelas 27? E, no entender do PGR, o primeiro-ministro devia ter respondido?

PGR: Na longa vida de magistrado, o PGR nunca conheceu um despacho igual, nem tem memória de alguém lho referir.

Aqui.

Entrevista do PGR ao DN

DN: Como foi possível não ouvir o primeiro-ministro e o secretário de Estado, Rui Gonçalves, durante estes seis anos?

PGR: Durante os quase seis anos em que o processo se arrastou, os investigadores ouviram quem quiseram, como quiseram e onde quiseram. Não há nenhuma explicação credível para não ter sido ouvido quem quer que seja, a não ser que não existissem razões para isso ou os responsáveis pela investigação (por qualquer motivo desconhecido) não o quisessem fazer. Acresce que o prazo limite foi proposto pela senhora directora do DCIAP e podia ter sido prorrogado, bastando para isso que a prorrogação fosse requerida. É um facto do conhecimento de todos os juristas, excepto daqueles comentadores profissionais que fingem ignorá-lo.

Aqui.

Talvez assim se perceba melhor a proposta de revisão constitucional do PSD na área da sáude


Seruca Emídio, autarca do PSD que preside à Câmara Municipal de Loulé

2.8.10

The right to pursue happiness

De acordo com o “I” online, o britânico Paul Smith conseguiu “dar a volta do mundo de borla com a ajuda do Twitter”. Gostava de ver os bloggers portugueses, que tanto se gabam de terem não sei quantas mil visitas, conseguirem uma proeza destas. O beneficiário podia ser o melhor amigo que alguém pode ter (garanto). Chamemos-lhe JAK. Também o objectivo dele é dar a volta ao mundo. Ligeira correcção. O fim maior é o de sempre, o que está gravado no segundo parágrafo da Declaração de Independência dos EUA: perseguir a felicidade. Ou, como diria o Larry Darrell, de Somerset Maugham, adquirir cultura. O mais difícil já JAK fez: despediu-se de um bom emprego. Nos próximos meses, tentará a sorte como cozinheiro de um restaurante, não vá a felicidade estar mais à mão do que pensa. Fevereiro /Março de 2011 é o mês previsto para o início da sua viagem à volta do mundo. Aposto (juro que aposto) que os campeões de audiências da blogo e twittosfera nacionais não conseguem igualar o que foi feito pelos seus congéneres estrangeiros. Ou será que conseguem... Hummm, agora fiquei curioso.

Os poderosos

Não deixa de ser curioso que os mesmos que, sempre que um político é ilibado de um processo judicial, se prontificam a denunciar a incapacidade de a Justiça condenar um poderoso, sejam tantas vezes os mesmos que atiram à cara dos políticos os vários exemplos em que a Justiça não lhes (aos políticos) dá razão. Confuso.