Do que leio parece que a intervenção da PSP de Braga foi despropositada a todos os níveis. Agiram “para evitar desacatos”? Mas então, se algum papel cabia à polícia neste episódio, não era precisamente o de assegurar o legítimo exercício de direitos, nomeadamente o de expor, em liberdade, aquelas obras? Tudo indica, assim, que o juízo da polícia foi de concordância com os queixosos, que consideraram a obra em causa pornográfica – e que, por essa razão, não devia estar exposto ao público.
Dito isto, este episódio chama a atenção para uma questão que não me parece nada pacífica. A imagem da controvérsia não é pornográfica porque é do Courbet, isto é, porque é arte? Se assim for, este domínio exclusivo da arte sobre a imagética da nudez e do sexo não constitui, em si mesmo, uma limitação da liberdade?
Dito isto – e também aquilo, claro –, não deixa de ser espantoso que neste, como em casos semelhantes, tantos venham prontamente indignar-se, ou contristar-se, com o iletrismo cultural dos portugueses – e em particular dos polícias! –, logo se demarcando os próprios como pessoas de muita, muita cultura. É que se a cultura dos cidadãos é algo que deve ser valorizado e incentivado por uma sociedade de homens livres, ela nunca deve servir para lançar o labéu sobre os que a não tenham, o que quer que isso possa significar.
Dito isto - e também aquilo e aqueloutro -, eu também não saberia identificar um Courbet.
25.2.09
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