1.4.09

A minha pescadinha de rabo na boca ou uma evidente lapalissada


Se bem compreendi o que aqui se diz (Margens de Erro), recorrendo a um excerto do artigo "Punishment or Protest? Understanding European Parliament Elections", de Simon Hix e Michael Marsh, nas eleições para o Parlamento Europeu os eleitores optam quase sempre por utilizar o voto como forma de punir o Governo em exercício no seu país. Isto traduz-se numa distorção do que deveriam ser estas eleições: uma forma de adesão ou não às posições dos partidos sobre as principais matérias europeias, assim como uma avaliação do desempenho dos deputados europeus cessantes e da confiança que merecem os novos candidatos. Como aquele estudo refere, esta ligação entre os eleitores e os deputados europeus é muito fraca. Este artigo também diz que os pequenos partidos são os mais beneficiados neste processo. E que, ainda que tenuemente, as posições antieuropeias tenderão a ser premiadas.

Ou seja, admitindo que os partidos podem fazer alguma coisa no sentido de contrariar a correlação descrita e considerando a responsabilidade dos partidos na condução da campanha e na definição da sua agenda, interessaria ao Partido Socialista, enquanto partido de governo, centrar o debate político nas questões europeias e não nas questões domésticas. Esta situação seria também a que deveria interessar mais na perspectiva do desejável reforço daquela ligação entre o mandato democrático europeu e o voto dos cidadãos. No entanto, do lado dos outros partidos, sobretudo dos mais pequenos, é-lhes favorável precisamente o contrário: centramento (esta palavra não surge no dicionário da Texto Editora, não sei porquê) da discussão nas questões internas e, referindo-se às matérias europeias, utilização de um discurso mais anti-europeu (ainda que muitas vezes o possam fazer de forma ambígua).

Fiquei com uma dúvida: aos grandes partidos mas que não estão no Governo, como o PSD, o que lhes interessa?

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