25.6.09

Democrática pescadinha de rabo na boca

“Os professores não votam em candidatos ou em partidos políticos que não assumam, publicamente, o seu compromisso de rejeição da divisão da carreira docente e a suspensão do actual modelo de avaliação”, é o que consta de um documento com que três movimentos de professores pretendem obter um contrato público com vários partidos políticos contra as políticas de educação do PS.

Admito que seja ingenuidade minha mas não deveria o voto de cada um traduzir mais do que um mero reflexo do juízo que faz sobre as políticas que o atingem pessoalmente? Não deveria ser, acima de tudo, uma apreciação sobre quem está em melhores condições para governar o país, que incluirá naturalmente um balanço sobre a generalidade da actividade política desenvolvida? Devo basear a minha escolha de voto no que acho que é o interesse geral ou tendo em conta a estrita medida dos meus interesses? Ainda que seja inevitável a contaminação destes dois critérios, diria que os eleitores portugueses têm revelado, em diversas ocasiões, sageza na forma como têm exercido o direito de voto, mostrando-se sensíveis a factores de interesse geral. Pois é a ausência desta dimensão e a simplificação extrema dos termos apresentados (os professores não votam em partidos que defendem estas políticas), que tem sido visível em muitos momentos da contestação dos professores à política de educação deste governo, o que me causa alguma apreensão. Não sendo, inclusivamente, indiferente ao facto de isto vir de uma classe de quem esperaria outra pedagogia. O corolário desta visão será a legitimação da ideia de que os governos que pretendem ser reeleitos não devem adoptar as medidas que consideram as melhores para o país mas aquelas que afectem (negativamente) menos eleitores. E para que isto não aconteça, todos temos a responsabilidade de mostrar que não é isso que queremos.

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