21.9.09

Vampirismo mediático (actualizado, menos no português, que mete tanto nojo quanto a manchete do expresso)

Achei obsceno o chafurdamento noticioso que se fez à volta dos PPR's e outros produtos bolsistas de responsáveis do BE. Mesmo que houvesse qualquer contradição entre o que defende o BE e os factos noticiados (que até entendo que não existe, pois uma coisa é o fim dos benefícios fiscais para estes produtos e outra o fim destes produtos), acho nojento este vasculhar da vida privada dos políticos (pois tudo o que foi noticiado é apenas e estritamente desse foro), como se esta devesse caucionar as suas propostas políticas; como se a vida privada dos políticos devesse estar de acordo com as suas ideias políticas; como se os políticos tivessem de ser puros na sua vida privada e de o atestar publicamente, abrindo as portas das suas casas aos jornalistas. Dos políticos interessa-me apenas que saibam governar, gerir a coisa pública. Esta competência é aferível como na generalidade das profissões: através das suas habilitações, experiência e de outras qualidades directamente ligadas ao exercício do cargo. A diferença principal é que são eleitos para o cargo e há um escrutínio público do seu exercício. Escrutínio que passa, naturalmente, pela necessidade de garantir mecanismos de transparência sobre, por exemplo, alguns aspectos da vida privada dos eleitos (como a obrigatoriedade de declararem património ou participações bolsistas), que servem, fundamentalmente, para garantir a prevalência do interesse público na actuação dos agentes políticos. Não serve para comprovar a coerência das suas ideias. Isso é apenas o kennethstarismo a tomar conta da política portuguesa.

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