Ontem, estava a escrever este post, abandonado em modo de rascunho, à espera sei lá do quê.
“Olho para trás e reparo que, desde há algum tempo, os posts deste blog raramente ultrapassam a meia dúzia de caracteres. Tornei-me, pois, num postador de bocas. Não tem nada de particularmente negativo mas não era bem isto que eu queria. O problema é que este modo de boca é, frequentemente, bastante irresistível. A piadinha e o trocadilho fácil, a inevitável contradição, devidamente achincalhada (…)”
Entretanto, A.R escreve mais este excelente texto (com licença)
“Uma boca histriónica tornou-se numa questão de Estado. Os jornais são bocas em delírio. A RTP justifica o serviço público com as bocas do prós-e-contras. A SIC tem uma boca loura e o ego de uma boca. Na Assembleia da República, a prestação dos deputados mede-se em função das bocas regimentais. O Partido Socialista atura as bocas da deputada internacional Ana Gomes. Não deixa de ser estranho que as oposições gritem a uma só boca. Os polícias cultivam os segredos na boca e os magistrados a boca nos segredos. Não menos relevantes serão as bocas deste blogue. A Ética da Comissão dissolveu-se em bocas. Até a Presidência tremeu com as bocas de Fernando Lima. A única forma segura de nos falarmos é de boca em boca. Depois de tantas bocas, apenas nos restam as bocas das urnas.”
É assim, uns não vêem mais longe do que o seu próprio umbigo e outros, enfim, vêem.
26.2.10
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário