19.5.10

A crítica em tempos de crise

Compreendo a ideia que o Porfírio Silva defende neste post. Discordo, no entanto, da conclusão. Concordo que as conjunturas de crise (económica, guerra, ou outra) servem, demasiadas vezes, para tentar impor uma qualquer ideia de consenso patriótico, cuja crítica é prontamente interpretada com um ataque ao país. Está mal. Esta tentação existe e deve ser combatida. Não se aplicando outra regra para os políticos. A crítica é natural, profundamente democrática e saudável para qualquer regime.

Mas uma coisa é a crítica no espaço público e outra é o recurso a instrumentos e a procedimentos que têm (ou podem ter) consequências políticas de facto. É o caso de uma moção de censura, cuja iniciativa se destina a, por meios legítimos, naturalmente, derrubar o Governo. E o recurso a este instrumento, bem como os timings da sua utilização, precisamente pelas consequências que podem ter, devem ser objecto de um juízo político, para além dos fundamentos que a sustentam. Se considero que o país ficar sem governo neste momento seria uma irresponsabilidade, é justo que critique a apresentação de uma moção de censura neste momento. O mesmo diria se o Governo apresentasse para a semana uma moção de confiança.

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