14.2.11

Arriscar ângulos novos

E porque é que a integração profissional dos que têm um diploma universitário deveria ser muito mais fácil ou estável do que a dos que têm menos habilitações? Claro que o investimento que é feito nos estudos tem implícita uma expectativa de um retorno superior. Mas ele verifica-se. Mesmo no actual contexto de crise. Estudar compensa. Nisto, os números são inequívocos (ver references). Melhores salários e mais rápida inserção no mercado laboral. Disto isto, “having said that”, porque é que a estabilidade contratual deveria ser um privilégio dos diplomados. Estes estarão até mais bem equipados para reagir em caso de desemprego, como também o provam os dados sobre o tempo de espera dos licenciados, muito inferior aos restantes desempregados. Assim, arriscaria dizer que até é bastante de esquerda (e eu gosto de dizer coisas de esquerda) verificar que quem mais precisa é quem está contratualmente mais protegido da instabilidade laboral.

Ainda no outro dia estive uma boa parte do almoço a tentar explicar porque é que, apesar de achar a música feia para burro (aquele arraçado de fado…), considero que a letra espelha angústias importantes de parte desta (a minha também) geração. Não raro, sinto-me um autêntico Zelig.

References:

“Francisco Lima, que no ano o passado fez um estudo para o INE sobre a relação entre a qualificação e a rapidez com que se entra no mercado de trabalho, não tem dúvidas. Dois anos após terem terminado o ensino, mais de 40 por cento dos jovens com o básico ainda procuravam emprego e apenas 25 por cento dos licenciados permaneciam nessa situação.”

“O último relatório da OCDE Education at a Glance também é claro quando diz que Portugal é o segundo país da organização, a seguir ao Brasil, onde o prémio salarial dos licenciados que entram no mercado de trabalho é mais elevado. Quem faz uma licenciatura ou um grau mais elevado ganha duas vezes mais do que a média. E comparativamente aos que não foram além do secundário ou de um curso profissional, o ganho é 80 por cento superior."

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