Confesso que, por norma, não faço um juízo muito severo das incoerências e contradições das pessoas ao longo do tempo. Sou, para dizer a verdade, bastante tolerante quanto a este tópico. Se não faço com as pessoas, também não me inclino a fazer isso com os políticos. Justificação. Há, por um lado, a questão pragmática: é inevitável que isto aconteça. Rendo-me ao lugar-comum. Só os burros é que não mudam. E os fanáticos, o que dará no mesmo. Mudamos porque, enquanto seres inteligentes, a nossa posição tende a estar relacionada com a interpretação que fazemos do mundo que nos rodeia. Mudando as circunstâncias, também nós tenderemos a mudar. Muitas vezes muda apenas uma intuição, uma ligeira mudança de ângulo. Felizmente, as pessoas não têm de andar a prestar contas de todas estas mudanças. Não quer dizer que não possa ser, por vezes, um exercício estimulante e enriquecedor, embora outras vezes seja apenas inútil. Gostava de ir à praia. Já não gosto de ir à praia. Contrariamente às pessoas, os políticos têm como principal dever prestar contas. Mudar de posição é, pois, natural, mesmo para os políticos, desde que fundamentem as razões dessa mudança. Parêntesis. Os partidos competem por votos, o que fazem através de ideias, de um projecto, de uma narrativa. Fecha parêntesis. Na ausência de uma explicação que enquadre as posições na narrativa isso não quer dizer verdadeiramente que não haja uma explicação. Há. É eleitoralismo, puro, que é a competição por votos a troco de… nada. Como Isto:
Ou isto, como denuncia Pacheco Pereira:
* a distinção pessoas e políticos era piada. Falhada, mas piada.
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