10.4.14

A justa remuneração dos anjos


Que a lei deve prever regras que salvaguardem a separação de poderes e a independência dos juízes, parece-me pacífico. 

Que para justificar este princípio incontroverso os juízes precisem de construir de si uma imagem de escol, roçando por vezes a messianização do seu papel, parece-me ridículo. 

Que achem justificável eximirem-se desta austeridade, invocando este seu estatuto, parece-me apenas grosseiro. 

Que a austeridade é insana, creio-o evidente. 

Que esta seja levada a cabo de forma iníqua, atingindo sistematicamente os mais desfavorecidos, torna-a ainda mais repugnável.

Isto a propósito deste texto: Os salários dos juízes, de Nuno Coelho.

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