12.3.15

A arte da fuga


Gosto de pensar a democracia como metáfora. Uma vez, coloquei aqui um pequeno vídeo em que a antiga juíza do Supremo Tribunal dos EUA Sandra O'Connor conversava com o  músico Winton Marsalis. Em 2,21 minutos, os dois explicam como é que o funcionamento de uma boa democracia, nomeadamente dos seus poderes chave, se assemelha ao funcionamento de uma boa banda de jazz.


É aqui que eu entro, propondo um upgrade metafórico. O debate político parece frequentemente perturbar o ritmo do funcionamento das instituições democráticas. Embora partindo de um tema comum, logo surge uma polifonia de vozes, que entram sucessivamente no debate, entrelaçando-se umas nas outras. Parece que não fazem parte da mesma banda. Equívoco. As instituições de uma democracia são a banda de Marsalis. Mas a democracia, compreendendo o debate democrático, é mais uma fuga, como esta, de Glenn Gold, que aqui se republica.

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