15.6.15

Os sapatos dos outros

Não sei o que me deu para ler isto. Quer dizer, sei (uma filha que acaba de fazer o exame do 4.º ano). E nem é sequer a questão de defender a manutenção dos exames. É - e isto não é um exclusivo da esqueda ou da direita, de gente mais ou menos inteligente - este narcisismo que leva pessoas a defenderem uma ideia, uma política, com base na sua experiência pessoal. Isto parece fazer sentido mas não faz. É como as mulheres que nunca foram nem se sentiram discriminadas e lestas concluem não existirem problemas a este nível; ou aqueles que singraram profissional e academicamente, apesar das desvantagens do contexto, para logo concluírem que estas não condicionam (lembro-me vagamente do caso recente de um articulista do observador); ou ainda aquela inteligente blogger que refutava há não muito tempo a pertinência de uma regulação do piropo, baseando-se largamente no seu percurso pessoal. Não se trata de desvalorizar o eventual mérito ou resiliência destes. Antes pelo contrário. Mas apenas recordar que em qualquer um dos casos apontados a lei devia, em primeiro lugar, proteger os mais fracos. E para este efeito interessam pouco as histórias dos vencedores. 

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