13.7.09

Especulações pós-eleitorais

Em conversa com um amigo no fim-de-semana, este chamou-me a atenção para o programa eleitoral do Bloco de Esquerda. O ponto dele era que, num cenário de maioria relativa do PS na próxima legislatura, o Bloco surgirá como o parceiro natural, de governo (versão hard-core) ou para um entendimento de incidência parlamentar, que permitisse viabilizar os orçamentos e algumas políticas consideradas fundamentais (versão soft, para os mais enfermiços de coração). O I de hoje entrega-se a um exercício interessante: “E se o Bloco de Esquerda fosse governo?”. E nomeia 14 propostas sobre sete áreas fundamentais, que vão da Política Externa à Educação, passando pela Saúde e Segurança Social. Destas políticas, não tenho dificuldade em rever-me em cerca de metade: regionalização, casamento entre pessoas do mesmo sexo, reforço das energias renováveis, aumento do salário mínimo, a aprovação do testamento vital e a legalização da morte assistida. Outras, parecem-me inaceitáveis, como a retirada de Portugal da NATO. Outras, ainda, eu diria que poderão ser repensadas no sentido de convergir com algumas das reivindicações do BE, como a taxação das transacções na bolsa. Num eventual cenário pós-eleitoral de maioria relativa do PS, a possibilidade deste entendimento à esquerda deveria ser explorada até ao seu limite. A alternativa será, intuimo-lo, o bloco central, panaceia última da estabilidade governativa.

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