Não sou muito dado a pudores estilísticos, nomeadamente em política. Há imagens mais ou menos felizes, de maior ou menor bom gosto, mas não é muito frequente ficar impressionado e, muito menos, chocado. Muito menos ainda tenho-me como alguém dado a susceptibilidades patrioteiras. Por isso estranho-me quando assisto com incomodidade à benevolência com que a generalidade dos políticos, comentadores, comunicação em geral, aceitam o acrónimo com que o chauvinismo norte-europeu decidiu mimar-nos, aos países do Sul da Europa. PIGS, que é PORCOS (claramente menos fino), que remete para isto, que é como uma parte da Europa de cima olha para a de baixo. Aquilo que me incomoda nem é tanto este epíteto sintetizar a força de um estereótipo que achava remoto, mas a aparente indiferença com que aceitamos (e reproduzimos) este insulto, convertido, pelas notícias, em facto objectivo (hoje, por exemplo, aqui).
14.6.10
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