18.11.10

Artes da marinhagem, há quem diga


Parece que vai por um alvoroço por causa deste acórdão da Relação, que iliba um militar da GNR da prática do crime de insubordinação, que se resume basicamente ao facto de envolver a palavra caralho*. Não sei detalhes do caso. E não me estava nada a apetecer aprofundar o caso para lá do que vem referido nos jornais. Conhecer as circunstâncias exactas do sucedido. Ler o famigerado artigo que prevê o crime de insubordinação. Enfim, uma trabalheira. Mas estribado na superficialidade da informação que possuo, sempre me digo que. Tenho muitas dúvidas em acompanhar as manifestações de indignação, que imputam a esta maneira de fazer justiça o estado a que ela chegou. A justiça tem muitos e graves problemas, mas não me parece terem nada a ver com isto. É risível a explicação etimológica de caralho, com ares de erudição académica? Sim. Presta-se ao ridículo a contextualização que é feita acerca dos vários usos para o termo caralho? Também me parece. O esforço de uma e de outra poderá ser útil (ou até mesmo fundamental) para sustentar a deliberação? Admito perfeitamente que sim. Mas como em quase tudo o que digo, estou disposto a que outros estudem o assunto e me convençam do contrário.

* Creio que foi Pedro Mexia quem, um dia, notou a facilidade com que na imprensa (e também nos blogs) se deita lama para cima das pessoas, por vezes atingindo a sua dignidade de forma irreparável, mas são sempre tão pudicos a nomear os palavrões.

3 comentários:

Shyznogud disse...

Não me parece q aquilo q leu no jugular escrito, entre outros, por mim, tenha a ver com indignação. Tem, sim, a ver com a péssima qualidade dos juízes q escreveram aquele acórdão (ilustrada, por exemplo, na erudição de pacotilha q descrevi nos comentários) e, again, no machismo q aquele relambório transpira. A conversa da virilidade é de antologia!

Tiago Tibúrcio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago Tibúrcio disse...

A minha intenção não era tanto fazer a defesa da sentença mas tentar sublinhar um ponto que me parecia estar a ser desvalorizado: o de tratar-se de um crime (daqueles com direito a prisão) e de, estando este assente na ideia de hierarquia, apreciar que os juízes não tenham uma leitura intolerante e demasiado estrita desta (sobretudo estando no âmbito militar). Apesar da relação hierárquica, parece que os dois agentes eram amigos (diz a notícia). Imagino que não é difícil numa situação destas saltar um “pró caralho”. Foi isto que quis valorizar. De resto, acho que concordo com o que diz sobre a erudição de pacotilha e, talvez sobre o machismo, embora isso me tenha passado ao lado e continuar a achar de menor importância. Quanto ao que diz sobre o q escreveu no Jugular nada ter a ver com indignação, tem razão. Fiz uma generalização a partir de várias coisas que li (muitas julgando acusando o acórdão de dar uma valente machadada na hierarquia militar) e, por comodidade, linquei apenas o vosso blog. desculpas.