2.6.11

Nas nossas mãos

E se fizéssemos alguma coisa sobre o assunto, pergunta-se – e muito bem - aqui? De facto, também está nas nossa mãos tornar a vida pública um lugar melhor. Não depende apenas (e muitas vezes nem sobretudo) do Governo tornarmos o país num lugar melhor.

Também está nas nossas mãos contribuirmos para uma sociedade mais participativa e mais exigente; está nas nossas mãos (dos empresários, dos trabalhadores, dos consumidores) a dinamização da economia nacional, com os reflexos que isso pode ter no crescimento e na criação de emprego; está nas nossas mãos sermos menos complacentes para com a corrupção, a fraude e a elisão fiscal; está nas nossas mãos adoptar práticas mais amigas do ambiente e adquirir novos hábitos de consumo energéticos, como é o caso das energias alternativas (que, como se sabe, também tem reflexos económicos importantes, ao diminuir o nosso défice energético). Enfim, os exemplos são inúmeros. A realização do nosso sucesso enquanto país depende, em muita maior medida do que somos muitas vezes tentados a pensar, de nós, tendo o governo um papel muitas vezes residual.

Mas há assuntos que não estão nas nossas mãos. Cuja realização depende, em exclusivo, das escolhas do poder político. São os tais assuntos que deviam reunir um apoio particularmente alargado da comunidade e dos partidos mais representativos dos portugueses.

E é precisamente nessas áreas que o PSD pretende tudo alterar (e não é por acaso que as propostas liberais-radicais de Passos Coelho nunca foram tentadas antes pelo próprio PSD). É o caso do Serviço Nacional de Saúde, é o caso da Escola Pública (assim, com maiúsculas) e é o caso da Segurança Social Pública.

Se mexerem nisto, nada estará nas nossas mãos (nada poderemos fazer para evitar que a Saúde e o Ensino públicos se tornem, a pouco e pouco, serviços cada vez mais pobres, destinados aos mais pobres). E se isso acontecer, nada será como dantes. E depois será tarde demais para se voltar atrás.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Esperto é o homem que acredita em apenas metade do que lhe dizem. Genial é o homem que sabe em que metade acreditar."